“Sempre que foi necessário intervir, intervieram a tempo e muito bem e em muitos casos foram mesmo a última instância de intervenção, o que é uma tentação enorme para passarem a ser a primeira instância de intervenção”, adiantou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava, em declarações aos jornalistas, à margem das comemorações do 10 de Junho, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores.
A cidade de Bambari, na República Centro-Africana registou confrontos, na noite de quarta-feira, entre milícias rivais, depois de em maio nove pessoas terem perdido a vida num confronto e nove organizações humanitárias terem sido pilhadas.
No final de maio, militares portugueses ao serviço da Minusca estiveram envolvidos em “intensos confrontos armados”, em dois dias consecutivos.
No dia 30, uma patrulha militar portuguesa foi atacada no centro de Bambari e, no dia seguinte, os militares portugueses foram chamados a intervir, na sequência de um ataque à esquadra policial situada também no centro da cidade, onde “foram recebidos por intenso fogo opositor de várias direções”, tendo “entrado em combate com elementos de grupos armados”.
Questionado sobre o aumento dos confrontos, Marcelo Rebelo de Sousa salientou o contributo da presença portuguesa para “a afirmação da paz” na República Centro Africana.
“Sabemos que nestas intervenções todas, onde quer que sejam, pela sua natureza, há riscos, mas as Forças Armadas existem precisamente para enfrentar os riscos e a diferença está entre aquelas que enfrentam os riscos de uma forma positiva, virtuosa e com sucesso e as que têm mais dificuldade em fazê-lo. E nós temos estado não é à altura das circunstâncias, é em cima das circunstâncias”, frisou.
O Presidente da República disse ainda estar “orgulhoso” por ter ouvido elogios de outros chefes de Estado ao desempenho das Forças Armadas portuguesas.
“O Secretário Geral das Nações Unidas recentemente reconheceu que éramos os melhores dos melhores, mas além disso chefes de Estado dos mais diversos países, de outros continentes e até europeus, têm elogiado o papel das nossas Forças Armadas, também na República Centro-Africana”, apontou.
Desde 2013 que a República Centro-Africana vive em conflito. O derrube do então Presidente François Bozizé pela ex-rebelião Seleka provocou uma contraofensiva de milícias de “autodefesa” antibalaka.
Grupos armados e milícias confrontam-se hoje pelo controlo dos recursos deste país, com 4,5 milhões de habitantes, classificado ente os mais pobres do mundo, mas rico em diamantes, ouro e urânio.
Portugal é um dos países que integra a Minusca, tendo, no início de março, a 3.ª Força Nacional Destacada - composta por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1.º batalhão de Infantaria Paraquedista -, partido para a República Centro-Africana.
Estes militares juntaram-se aos 21 que já estavam no terreno, sediados no aquartelamento de Bangui, desde 18 de fevereiro.
As comemorações do Dia de Portugal, com a participação do Presidente da República e do primeiro-ministro, decorrem este ano entre Ponta Delgada, nos Açores, Boston e Providence, nos Estados Unidos.
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