1. 2020 foi um ano de extremos climáticos. O que podemos esperar em 2021?
O ano de 2020 bateu vários recordes catastróficos, com climas extremos pelo mundo. Condições quentes e secas geraram incêndios florestais em vastas áreas da Austrália, Califórnia, Brasil e Sibéria. Uma temporada recorde de furacões no Atlântico causou um duplo golpe de duas tempestades extremamente destrutivas na América Central. As secas prolongadas destruíram a produção agrícola e ajudaram a levar milhões à fome no Zimbábue e em Madagascar. Um super ciclone causou inundações massivas na Índia e em Bangladesh.
É impossível saber se 2021 será tão impactante quanto 2020, mas é altamente provável que mais extremos estejam a caminho. “De um ano para o outro, ainda há muitas variações aleatórias sobrepostas às tendências de longo prazo”, diz Daniel Swain, um cientista climático da UCLA. “Embora 2020 possa ter sido um ano particularmente extremo em contraste com anos individuais no passado, cientificamente e olhando para o futuro, o que é mais significativo é que 2020 não foi realmente uma aberração”.
Para ler na íntegra em Time
2. Projeto “verde” da Exxon tem impacto semelhante ao de uma central elétrica de carvão
Em 2019, a Exxon, empresa multinacional de petróleo e gás norte-americana, fez um dos maiores investimentos de sempre em exportações de gás natural liquefeito. Este projeto de 10 mil milhões de dólares seria construído na costa do Texas, sob o nome de “Golden Pass” (em português, Bilhete de Ouro), e foi prometido que iriam advir benefícios ambientais desta “energia verde”. Foi inclusive tratada como um “presente para o mundo”.
No entanto, documentos revelaram que as avaliações da empresa sobre os impactos ambientais diferem significativamente do que foi partilhado com o público. O “Golden Pass” tem um impacto semelhante ao de uma central elétrica de carvão, com um total equivalente a 3.1 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono em 2025. Este valor tem apenas por base a quantidade de energia necessária para transformar o gás natural em líquido para envio. Transportar e queimar o combustível emitiria ainda mais.
Para ler na íntegra em Bloomberg
3. Inundações no Sudão do Sul deixam um milhão de pessoas sem casa
As águas no Sudão do Sul começaram a subir em junho, levando consigo plantações, inundando estradas e piorando a fome e as doenças num país que está ainda a recuperar de uma guerra civil. Em algumas partes do país, famílias que estão cercadas pelas enchentes bebem e tomam banho nas águas que correm pela rua.
Esta crise de chuvas intensas prolongadas já deslocou quase um milhão de pessoas e é um lembrete de como as mudanças climáticas impactam mais as populações menos responsáveis pelos problemas e/ou as que estão menos equipadas para lidar com os impactes.
Nyaduoth Kun explica que pouco sabia sobre a pandemia da covid-19 que se espalhou sem ser detectada no Sudão do Sul. “Existem muitas doenças a viver entre nós, por isso não conseguimos descobrir se é coronavírus ou não”, disse a sul sudanesa.
Para ler na íntegra em Al Jazeera
4. A rápida deterioração do gelo no Ártico mostra a velocidade com que o clima está a mudar
A equipa da NowThis juntou-se a um grupo de investigadores da organização ambientalista Greenpeace para, juntos, documentarem a deterioração abrupta do Ártico: por exemplo, uma grande parte do glaciar Spalte, que já estava a rachar e recuar há décadas acabou por se partir em em junho de 2020, dividindo mais de 64 quilómetros quadrados da maior plataforma do Ártico.
À medida que as temperaturas globais aumentam, a extensão mínima do gelo marinho no Ártico encolheu mais de 13% por década desde 1979.
“Queremos ter certeza de que os líderes mundiais compreendem a urgência da crise climática e que entendem o papel de oceanos saudáveis no seu combate”, disse um investigador.
Para ver na íntegra em NowThis
Por cá: Venda de veículos ligeiros a combustíveis fósseis a partir de 2035 pode ser proibida
A associação ambientalista Zero considera fundamental que uma futura Lei do Clima estabeleça o fim da venda de automóveis a gasóleo e gasolina e que nas metas climáticas devem incluir-se a aviação e a navegação internacionais.
"A Lei do Clima deverá prever metas e instrumentos que conduzam ao fim da comercialização de veículos com motores de combustão, além de outras medidas tais como instauração de zonas no interior das cidades, mas não circunscritas aos centros históricos, com severas restrições à utilização do automóvel privado”, e a aviação e navegação internacionais, com ponto de partida ou chegada em Portugal, deverão ser incluídas nas metas climáticas para 2030 e 2050 a ser consideradas no âmbito da Lei do Clima, defende a Zero em comunicado.
As propostas da associação surgiram no dia em que a Assembleia da República discutiram oito projetos de lei sobre o clima, seis de partidos (PS, PSD, BE, PCP, PAN e PEV), um da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira e outro da deputada não inscrita Cristina Rodrigues.
São ao todo mais de 250 páginas de sugestões relacionadas com o clima, desde a mitigação das alterações climáticas a novas formas de relacionamento com a agricultura, florestas e mar, passando pelos setores da água, dos resíduos, da indústria, da energia ou da mineração, da política fiscal, dos transportes ou do emprego, da educação ou da investigação.
Os projetos coincidem na necessidade de serem tomadas decisões para impedir o aquecimento do planeta, limitando a libertação de gases com efeito de estufa, alertam para os perigos das alterações climáticas e propõem medidas para que o país se torne neutro em emissões.
O projeto do PS prevê a proibição da venda de veículos ligeiros movidos a combustíveis fósseis até 2035 e o fim de benefícios fiscais a combustíveis fósseis até 2030.
Já o PAN e os Verdes falam de metas de redução de gases com efeito de estufa, o PCP quer combater a degradação dos recursos naturais e o Bloco de Esquerda refere-se também ao investimento nos transportes ferroviários.
O PSD propõe a criação de um Conselho para a Ação Climática, uma ideia que surge em outros projetos de lei também, como o da deputada Cristina Rodrigues.
Edição e seleção por Larissa Silva
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