"Inesperadamente, fomos surpreendidos por uma tomada de posição pública do partido político Iniciativa Liberal (IL), em que, no seguimento de vários contactos com a Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril, em Lisboa (CPCP 25 de Abril) acusa a Associação 25 de Abril de uma tentativa de limitar a liberdade política em Portugal", lê-se num comunicado enviado as redações.
A associação liderada pelo coronel Vasco Lourenço, que é uma das entidades que constitui a comissão promotora do desfile (que em 2020 não se realizou por causa do contexto sanitário causado pelo novo coronavírus), salienta que "na sua existência de 38 anos, sempre pugnou por um posicionamento de verdade e não de jogadas politiqueiras, mais ou menos demagógicas, mais ou menos sujas, próprias de outras organizações".
"Para nós, os objetivos não justificam todos os meios, daí que não possamos deixar passar em claro esta desinformação, de que resulta um inaceitável insulto à nossa dignidade", frisa também.
Na nota enviada à imprensa, a Associação 25 de Abril explica que a comissão promotora das comemorações decidiu que a data seria comemorada com um desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa, mas "desde logo ficou assumida, face aos enormes condicionamentos sanitários, a não possibilidade da realização de uma manifestação popular, como é habitual de há muitos anos a esta parte".
"Contrariamente ao habitual e contra os desejos de toda a comissão promotora, teve de se optar por restringir a participação no desfile aos componentes desta comissão promotora", assinala o presidente da Associação 25 de Abril, que assina a nota.
Vasco Lourenço explica que "esta decisão levou à não aceitação de integração no referido desfile de organizações de vária natureza, onde se incluem os partidos políticos IL e Volt, independentemente de anteriores participações na manifestação ou de, pela sua recente formação, estarem pela primeira vez a pretender participar neste ato comemorativo, que este ano assume contornos diferentes e especiais".
O militar de Abril indica que "a todos foram comunicadas e explicadas as razões desta situação, incentivando a que procurassem encontrar outras formas de comemorar o 25 de Abril, em perfeita e total ligação com as entidades sanitárias e policiais competentes", argumentando que, "para ser possível seguindo as regras impostas pelas entidades responsáveis", o desfile "teve de ser limitado aos que o organizam".
"Fomos agora surpreendidos pela acusação de tentarmos limitar a liberdade política em Portugal. O nosso passado, enquanto representantes dos principais responsáveis pela recuperação da Liberdade e pela implantação e consolidação da democracia em Portugal, permite-nos não reconhecer a ninguém - e muito menos a um recém-partido político - o direito de nos fazer acusações como aquelas de que, lamentavelmente, acabámos de ser alvo", lamenta Vasco Lourenço.
Sublinhando que a posição da associação é que "todos os portugueses, individual ou coletivamente, têm o direito de evocar e comemorar o 25 de Abril e a liberdade", o presidente defende igualmente que "todos têm de respeitar as leis e as normas vigentes no país" decorrentes da pandemia de covid-19.
A Associação 25 de Abril apela ainda a "todos a que às 18 horas do dia 25 cantem, onde quer que estejam, a Grândola Vila Morena e o Hino Nacional, como demonstração da vontade de continuar a construir uma sociedade cada vez mais alicerçada nos valores de Abril" e espera que para o ano seja possível comemorar "todos juntos os 48 anos do 25 de Abril com mais liberdade e em festa".
Na terça-feira, a IL acusou a comissão promotora do desfile do 25 de Abril de tentar impedir o partido de participar nas comemorações, e hoje o Volt revelou que lhe foi negada participação no desfile, uma decisão que contesta.
O Volt indicou que vai desafiar esta decisão estando presente no local e a IL pretende organizar o seu próprio desfile no mesmo dia e local.
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