O espaço evocativo deste capitão de Abril, situado no castelo daquela sede de concelho alentejana, património do Estado, resulta de um projeto do Município de Castelo de Vide e da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo).
Segundo o presidente da câmara, António Pita, até ao momento a maioria dos visitantes do espaço é de nacionalidade portuguesa, mas tem “aumentado, mês após mês”, o número de visitas por parte de turistas estrangeiros.
“Durante muitos anos, Castelo de Vide não cumpriu com a sua responsabilidade por ter sido a terra que Salgueiro Maia escolheu para sua eterna morada. Demorou muito tempo a ter um museu da dimensão de um herói nacional”, observou.
Apesar das restrições impostas pela pandemia de covid-19 nos últimos tempos, o facto de a Casa da Cidadania Salgueiro Maia já ter ultrapassado a fasquia dos 12.000 visitantes mostra o “sucesso que está a ter”, destacou António Pita.
Fernando Salgueiro Maia (1944-1992) foi o comandante da coluna militar da Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, que, no dia 25 de abril de 1974, ocupou a Praça do Comércio e cercou o Quartel do Carmo, em Lisboa, levando à rendição do então presidente do Conselho, Marcello Caetano, e à definitiva queda da ditadura do Estado Novo.
Este ano, para assinalar os 48 anos do 25 de Abril, o autarca indicou que, no dia 24, vai ser exibido o filme “Salgueiro Maia — O Implicado”, de Sérgio Graciano, no Cine-Teatro Mouzinho da Silveira.
Já no Dia da Liberdade, as comemorações vão contar com a presença do adjunto do capitão de abril, Carlos Beato, e do “amigo inseparável” Hermínio Martinho, numa sessão que irá decorrer no auditório da Casa da Cidadania Salgueiro Maia, acrescentou.
Nesse dia, o programa de comemorações inclui ainda a apresentação do livro “Salgueiro Maia — Um Nome da Liberdade”, da autoria de António Sousa Duarte, no Museu de Póvoa e Meadas, e a inauguração da exposição “Os cartazes que estiveram na rua”, da coleção Salgueiro Maia.
Para 01 de julho, dia em que se assinala o primeiro aniversário do espaço museológico dedicado a uma das figuras-chave do 25 de Abril, está programada a abertura da secção “Reservas Visitáveis — Antigo Paiol”.
A Casa da Cidadania Salgueiro Maia envolveu um investimento global de três milhões de euros e foi inaugurada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Entre as peças que fazem parte do espólio figura o conhecido megafone com que, a 25 de Abril de 1974, no Largo do Carmo, o então capitão intimou Marcello Caetano a render-se.
O espaço museológico exibe também o uniforme e o “quico” militar que envergava nesse dia, entre outros uniformes, divisas, flâmulas, estandartes e pendões, insígnias, diplomas e louvores, documentos militares e fichas escolares pertencentes a Salgueiro Maia.
Uma área com cartazes e fotografias e uma coleção de miniaturas de carros de combate, a especialidade do militar como oficial de Cavalaria e a sua grande paixão profissional, são outras das valências da Casa da Cidadania Salgueiro Maia.
Natural de Castelo de Vide, o capitão de Abril expressou duas vontades em testamento, as quais foram cumpridas: ser sepultado naquela vila, em campa rasa, e deixar o seu espólio ao município para que fosse objeto de musealização.
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