"Temos de ter palavras para o motorista que ontem [sexta-feira, 25] foi agredido por um conjunto de delinquentes. Temos de dizer que estamos com ele e que as forças de segurança têm de atuar e que não podemos ter gente paga pelos nossos impostos a promover violência ao abrigo de associações que se dizem contra o racismo", disse hoje ao SAPO24 o candidato à liderança do CDS, à margem do Congresso.

Para Abel Matos Santos, que esta manhã apresentou a moção "Portugal tem esperança", o CDS tem de ter "uma atitude positiva em relação a quem diariamente sofre com os problemas do país". "É preciso que o CDS tenha as ideias certas e que se afirme de direita de forma descomplexada", diz. E que problemas são esses? "Têm a ver com a falta de segurança dos portugueses, têm a ver com o desemprego, têm a ver com o abandono do interior, têm a ver com a falta de aposta na família e na vida, os problemas da emigração e da imigração. Estes temas todos não podem ser tabu, têm de ser discutidos. Se nos encolhermos, se nos escondermos, se não podermos falar dos assuntos mais polémicos e só falamos do que é fácil, já cá estão os outros. É por isso que o CDS falhou, não quis falar do que era difícil".

É assim que o psicólogo clínico do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, explica "o pior resultado da história do CDS". Sobre a possibilidade de a direita voltar ao poder na próxima década, responde que "em política o tempo não conta, o que conta são as ideias, os eleitores e a confiança que têm nos partidos. Há muitas eleições até 2030, temos as autárquicas daqui a dois anos, um momento importante para o partido, que tem de recuperar a malha autárquica, tem de recuperar as suas concelhias, tem de recuperar gente. E isso faz-se com a mudança que defendo". "Temos de ser um partido claro, convicto, não podemos ter discursos redondos". "A direita descafeinou, deixou de ter gente, por isso é que apareceram outros partidos à direita. Se o CDS for novamente um partido popular e convicto, tenho a certeza de que as pessoas voltam a confiar em nós, tenho a certeza de que os portugueses que não votam voltarão a aproximar-se do CDS. Mas é preciso mesmo que o CDS seja um partido de direita e seja um partido de ideias, ideias claras", garante.

"O CDS é um partido com história, tem 45 anos, tem responsabilidades na democracia portuguesa. Portanto, está muito mais bem posicionado com os atores certos e com as ideias certas para conquistar esse espaço, que é mais difícil a quem vem de novo. O CDS tem a sua matriz e a sua identidade, o que é preciso é reavivá-la e esclarecê-la aos olhos dos portugueses e dos tempos de hoje, e é preciso que o partido saia da cúpula, saia do Caldas e volte a estar junto dos portugueses, das pessoas", conclui.