“É urgente complementar esta equipa que já trabalha na área social com dois peritos do ponto de vista clínico. Além de psicólogo e psiquiatra, pensamos que a presença de um infecciologista será de uma excelente utilização”, afirmou, em declarações aos jornalistas, a titular da pasta da Saúde nos Açores, Mónica Seidi.

A governante falava, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, à saída da terceira reunião da ‘task-force’ criada para combater as Novas Substâncias Psicoativas (NSP), conhecidas por drogas sintéticas.

Após uma “visita ‘in loco’” aos locais onde há consumos de droga na cidade de Ponta Delgada, Mónica Seidi decidiu apoiar a Novo Dia, Associação para a Inclusão Social, com a integração de dois médicos na equipa, porque percebeu que era uma “lacuna”.

“Temos intenção de no mês de setembro já estar disponível a presença de um psiquiatra e de um infecciologista, a par da mesma equipa que já se encontra a trabalhar, mais no âmbito social”, avançou.

O executivo açoriano decidiu ainda solicitar a limitação da venda nas farmácias de pseudoefedrina, medicamento utilizado no fabrico de drogas sintéticas.

“O Governo Regional irá enviar uma solicitação a quem de direito numa perspetiva, não de retirá-la do mercado, porque não temos essa possibilidade, mas que passe a ser um medicamento que necessite de receita médica”, explicou a titular da pasta da Saúde.

Segundo Mónica Seidi, o objetivo é “controlar o número de embalagens que são dispensadas nas farmácias”, para “travar alguma produção destas substâncias”, numa fase imediata.

“Não vai resolver o problema a longo prazo, mas fácil é como as coisas estão neste momento e a nossa função é dificultar o caminho e o trabalho dos consumidores e dos traficantes”, frisou.

Outra das decisões desta reunião foi a realização de um inquérito, que inclua questões sobre saúde mental e consumo de substâncias psicoativas, aos consumidores que andam nas ruas de Ponta Delgada.

“Interessa perceber melhor as suas motivações, o tipo de consumos, as idades que iniciaram, a periodicidade dos consumos”, avançou a governante, revelando que o estudo será feito em parceria com a vice-presidência do Governo Regional, que tutela a Solidariedade Social.

Questionada sobre o combate às drogas sintéticas noutros concelhos dos Açores, Mónica Seidi disse “para já” as medidas anunciadas vão arrancar em Ponta Delgada, onde a problemática é mais visível, mas que a ‘task-force’ estará atenta para implementar medidas “de forma assertiva”.

“É um projeto que vamos iniciar entre setembro e dezembro, quase como um projeto-piloto. Se virmos que funciona será replicado noutras ilhas”, admitiu, referindo-se ao alargamento da equipa da associação Novo Dia.

O número de consumidores de NSP na região não está contabilizado, mas, em março, estavam 937 utentes em programas de substituição opiácea e “muitos deles paralelamente consomem drogas sintéticas”, disse à agência Lusa a secretária regional da Saúde, em 18 de junho.

A Polícia Judiciária apreendeu nos Açores, nos primeiros seis meses do ano, 78 quilos de droga, na maioria haxixe, mas também cocaína, heroína e substâncias sintéticas, em quantidade equivalente a 90% do total de 2022, adiantou o coordenador regional à Lusa.