O desaparecimento das ativistas – cujo paradeiro é desconhecido há vários dias, após a sua eventual detenção pelo regime islâmico — chamou a atenção para o perigo enfrentado por todas aquelas que lutam para defender os seus direitos.

“O protesto teve o objetivo de dizer aos talibãs e à comunidade internacional que não estamos vinculadas a nenhum partido político ou grupo étnico. Queremos apenas os nossos direitos”, disse a organizadora da manifestação, Zuolia Parsi.

Como grande parte das manifestações de mulheres realizadas nos últimos meses, o protesto de hoje foi realizado em local não revelado, para evitar a interferência dos talibãs.

Os desaparecimentos das ativistas também despertaram a preocupação da comunidade internacional e a representante especial das Nações Unidas para o Afeganistão (UNAMA), Deborah Lyons, visitou vários departamentos do Governo talibã, procurando obter informações sobre esta questão.

“A indignação global com o destino das ativistas afegãs desaparecidas foi transmitida hoje ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Amir Khan Muttaqi”, informou hoje a UNAMA, numa mensagem na rede social Twitter.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu ao Governo talibã para que garanta o regresso das ativistas às suas casas.

“Estou cada vez mais preocupado com o bem-estar das ativistas desaparecidas no Afeganistão. Várias ‘desapareceram’, algumas sem darem notícias há várias semanas. Peço aos talibãs para que garantam a sua segurança, para que possam regressar a casa”, disse Guterres.

As quatro ativistas desaparecidas são Tamana Paryani, Parwana Ibrahimkhail, Mursal Ayar e Zahra Mohammadi, as duas últimas detidas em 03 de fevereiro, dias depois de terem participado num protesto a favor dos direitos ao trabalho e à educação por parte das mulheres.