É o que diz o ditado popular, não é? “Não voltes onde já foste feliz”. A frase é dura e pesada como se toda a felicidade de uma pessoa tivesse ficado ali, num postal sem nada escrito no verso, imutável, que vai envelhecendo bem, ao ponto de ser o único sítio onde fomos verdadeiramente felizes.

Abusei, não foi? Perdoe-me, mas esta ideia de não querer tocar naquilo que foi bom, naquilo que correu bem, naquilo que nos fez feliz por medo de destruir aquela memória, é-me estranha. Afinal, se temos medo de arriscar nos lugares que conhecemos, onde arriscamos?

Eu passo a vida a voltar para o sítio onde fui mais feliz, para a minha terra natal, e nunca, em momento algum que ocorreu a ideia de não voltar. De relembrar a minha vila só na memória. Tudo isto é bastante óbvio, não é? Hoje Cristina Ferreira anunciou o seu regresso à TVI - desta feita para além do cargo na direção do canal passa também a ser acionista - e Jorge Jesus parece ter tudo acertado para regressar ao SL Benfica e assumir o comando técnico dos encarnados na próxima temporada.

Cristina Ferreira, depois de 16 anos na TVI onde se notorizou por apresentar o programa matinal Você na TV! com José Manuel Luís Goucha, volta depois de mostrar na SIC que há espaço para inovar num formato que parecia dado como garantido em Portugal.

Jorge Jesus, volta ao clube que treinou durante seis anos, venceu 10 títulos e chegou a duas finais europeias, depois de na última temporada, no Brasil, ao serviço do Flamengo, ter vencido a Copa Libertadores (o equivalente, na América do Sul, à Liga dos Campeões) e de ter conquistado o Brasileirão.

Ela, diz que era um desafio impossível de recusar, promete um projeto inovador e mostrar uma nova figura da Cristina, agora como acionista e administradora.

Ele, ainda não falou - apesar de o Flamengo já ter anunciado a sua saída -, mas não terá qualquer outro motivo para regressar ao futebol português que não o de tentar devolver os encarnados o prestígio europeu.

Ambos já foram felizes para os lugares onde regressam, ambos granjearam prestígio profissional aqui e ambos sabem que a única razão para voltarem é porque podem ser muito mais felizes. E não, ninguém me disse. É uma simples dedução de quem não foge dos lugares felizes e que acha uma parvoíce não vivermos todos neles.

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