“Os indicadores estão no vermelho” e “o plano proposto com duas vertentes, a dos segmentos de crescimento e a das reduções de custos, visa quebrar o efeito de corte que pesa sobre as finanças da agência desde há seis anos”, disse Fabrice Fries durante uma audiência na comissão parlamentar dos Assuntos Culturais.
Fries afirmou também que quer, com o seu plano, dar à AFP “os meios para garantir a sua missão”.
No início deste mês, o presidente desta agência noticiosa apresentou um “plano de transformação” que prevê a supressão de 125 postos de trabalho líquidos em cinco anos e um relançamento das receitas comerciais, para ter contas equilibradas em 2021.
Os sindicatos da agência apelaram a uma greve de curta duração na quinta-feira, durante uma reunião de um órgão da empresa, durante a qual esta eliminação de emprego vai ser discutida.
“Penso que a reunião do comité de empresa, na quinta-feira, vai ser decerto objeto de muitas questões. Vamos colocar um plano na mesa que vai ser sujeito a discussão. Não vai ser pegar ou largar”, assegurou o presidente da agência noticiosa francesa.
“Para mim, o objetivo intocável é conseguir poupanças (…). Se há outros métodos, como dizem os sindicatos, para as conseguir, sem ser com as 125 eliminações de postos de trabalho, a porta está aberta para discussão”, acrescentou.
Fries assegurou, por outro lado, que não pretendia alterar o estatuto da AFP, que data de 1957 e foi alterado pela última vez em 2015.
“Não estou a trabalhar nisso, nem tenho qualquer projeto nesse sentido”, disse, sublinhando que o estatuto visa “evitar qualquer influência sobre a AFP”, que “não tem capital, nem acionista”, sendo que “esta independência editorial é um dos seus grandes ativos”.
Sobre esta característica, Fabrice Fries declarou: “É um assunto interno elétrico e que fez cair vários presidentes que refletiram sobre evoluções estatutárias. Estou disposto a assumir riscos sobre vários assuntos, mas sobre este não. Gostaria de durar algum tempo [no cargo]”.
Fries já propôs, aquando da sua nomeação em abril, “abrir o dossiê da capitalização da agência”, quando as suas contas estiverem equilibradas.
Porém, perante uma série de reticências internas, o responsável da France-Press garantiu que esta proposta “não era uma prioridade” e que toda a mudança “deveria respeitar a independência editorial, que é o principal ativo da AFP”.
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