A AIEA reunirá conselhos de peritos, incluindo da China e da Coreia do Sul, dois países vizinhos do Japão que criticaram a decisão de Tóquio, disse a diretora-geral adjunta da agência, Lydie Evrard, numa conferência de imprensa ‘online’.
Esta revisão “abrangente e objetiva” incluirá “várias missões e visitas técnicas nos próximos meses e anos”, acrescentou Evrard, citada pelas agências France-Presse e EFE.
Mais de um milhão de toneladas de água da chuva, de leitos subterrâneos ou injetada para arrefecer os núcleos dos reatores que derreteram após o tsunami de 2011 estão armazenadas em mil tanques no local da central, cuja capacidade está prestes a esgotar-se.
Esta água já foi tratada para retirar a maior parte das suas substâncias radioativas (radionuclídeos), mas não o trítio, que não pode ser removido com a tecnologia atual.
De acordo com o Governo japonês, a água que será lançada no mar é tão segura que até cumpriria as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS) relativas à água potável.
A decisão do Governo japonês gerou uma forte oposição da comunidade pesqueira de Fukushima (Nordeste do Japão), que teme novos danos à sua atividade, bem como protestos de países vizinhos como a Coreia do Sul e a China.
O plano do Governo do Japão foi anunciado em abril deste ano, e mereceu a aprovação da AIEA, com sede em Viena.
A AIEA “emitirá um relatório com os resultados da sua avaliação” antes do derrame e baseará a sua análise “nos mais elevados padrões de segurança”, disse Evrard numa reunião virtual com os jornalistas durante a visita preliminar, que termina na sexta-feira.
Evrard evitou comentar as queixas de Pequim e Seul e das comunidades locais em Fukushima, mas observou que a equipa de peritos internacionais que participam nos estudos incluirá especialistas chineses e sul-coreanos.
“Escutaremos diferentes preocupações e tê-las-emos em conta”, disse, enfatizando que o principal objetivo das missões da AIEA é “criar uma avaliação tão completa quanto possível da segurança” da medida.
A diretora-geral adjunta da AIEA recordou que as descargas de água no mar a partir de centrais nucleares são uma “prática frequente” de outros países.
Admitiu, no entanto, que a presença de trítio na descarga planeada e a utilização da água para arrefecer os reatores é uma particularidade no caso japonês.
O Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão disse que a AIEA irá examinar a “caracterização radiológica” da água, os processos previstos para a sua descarga no mar e o impacto sobre o ambiente e a saúde.
A China e a Coreia do Sul consideram que a água da central representará um risco para a saúde humana e o ambiente, e protestaram oficialmente junto do Governo do Japão sobre os seus planos.
O Japão vê esta libertação controlada como um passo indispensável no processo de desativação da central de Fukushima, uma região que ainda sofre as consequências devastadoras do acidente nuclear de 2011, incluindo dezenas de milhares de pessoas ainda deslocadas e o colapso da pesca e da agricultura locais.
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