O envio será feito “por fases”, e, até ao verão, Kiev receberá pelo menos 20 ou 25 exemplares, declarou Pistorius na capital ucraniana, onde chegou hoje sem que a sua deslocação tivesse sido anunciada à imprensa.
Em finais deste ano, o objetivo é fornecer pelo menos 80 tanques Leopard 1 a Kiev e, até ao primeiro ou segundo trimestres de 2024, os aliados pretendem entregar mais 80 tanques, uma quantidade suficiente para armar três batalhões, acrescentou o novo ministro da Defesa alemão.
Pistorius indicou ainda que a formação de 600 oficiais ucranianos na utilização desses blindados já começou.
O ministro social-democrata sublinhou a sua alegria por finalmente ter conseguido chegar a um acordo para fornecer tanques à Ucrânia de forma coordenada, mas não nomeou os países com quem alcançou tal acordo.
Mas pouco depois, num comunicado conjunto, os ministros da Defesa da Alemanha, dos Países Baixos e da Dinamarca anunciaram que a Ucrânia vai receber “pelo menos 100 tanques Leopard 1 A5 (…) nos próximos meses”.
Estes blindados Leopard 1, mais velhos que os Leopard 2 – cujo envio em breve para a Ucrânia de 14 exemplares doados pelo exército foi igualmente prometido por Berlim – provêm de ‘stocks’ industriais e serão submetidos a renovação.
A revista alemã Der Spiegel noticiou hoje à tarde que o Governo alemão autorizou o envio de 178 carros de combate Leopard 1 por empresas de produção de armamento para a Ucrânia.
Os primeiros tanques, que estão na posse da indústria armamentista, deverão ser enviados a partir de junho, embora a maior parte tenha que esperar até 2024, por terem de ser submetidos a revisões e reparações, precisou a revista.
Segundo a Der Spiegel, 90 dos Leopard 1 pertencem à empresa FFG, que os tem desde há vários anos nos seus armazéns, e os outros 88 estão em propriedade do grupo Rheinmetal, que os comprou ao exército italiano.
Há cerca de duas semanas, o chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou o envio de 14 Leopard 2, procedentes das existências do exército alemão e que deverão ser postos à disposição do exército ucraniano em finais de março.
A visita de Pistorius, a sua primeira a Kiev desde que assumiu a pasta da Defesa, no mês passado, ocorre numa altura em que a Ucrânia pressiona os países ocidentais para acelerarem o envio da artilharia pesada que lhe foi prometida.
“O ‘primeiro’ Leopard 2 chegou a Kiev. Outros se seguirão”, ironizou na rede social Twitter o ministro da Defesa ucraniano, Oleksiï Reznikov, publicando uma foto na companhia de Pistorius, a segurar uma miniatura daquele modelo de tanque alemão.
A Ucrânia indicou que vai receber entre 120 e 140 tanques ocidentais, nomeadamente Leopard 2 de fabrico alemão, Challenger 2 britânicos e Abrams norte-americanos.
Contudo, o calendário de entrega não é claro, e Kiev está preocupada porque poderá não receber os blindados a tempo de repelir uma eventual nova ofensiva russa em grande escala.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 349.º dia, 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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