Os agentes da justiça e de outras áreas que lidam com a problemática são o público-alvo do seminário “Violência Doméstica: O fenómeno para lá das 4 paredes", marcado para sexta-feira, na vila transmontana, com a presença da secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro.
O seminário está inserido nas ações que localmente estão a ser desenvolvidas para a prevenção e apoio às vítimas de violência doméstica, um trabalho que enfrenta várias dificuldades comuns ao todo nacional, segundo a autarca, uma das quais advém de instituições como os tribunais.
“Não se têm vindo a mostrar à altura das suas responsabilidades”, considerou, sustentando que “há muitas queixas de violência doméstica e só uma minoria muito pequena é que resulta em condenações”.
Berta Nunes lembrou que este crime público é uma das principais causas de morte de mulheres, em Portugal, entre os 30 e os 50 anos, e “muitas outras ficam com sequelas graves”.
Lembrou ainda que “as mulheres continuam a ser quem tem de sair de casa e nem sempre a sua proteção é assegurada”, como demonstram os casos em que já fizeram várias queixas e acabam por ser agredidas.
Na opinião da autarca, a forma como a justiça lida com a problemática “resulta dos aspetos culturais de desvalorização do sofrimento que esta situação causa nas pessoas”.
O seminário de sexta-feira tem a organização da Liga dos Amigos do Centro de Saúde de Alfândega da Fé e pretende chamar a atenção para a importância de “cada vez mais as pessoas estarem atentas” e conscientes de que “toda a gente tem responsabilidade em acabar com este flagelo”.
Ao abrigo das parcerias com o Governo e outras entidades, a Liga tem um gabinete de apoio à vítima “cada vez mais procurado, embora “muitas pessoas continuem a ter dificuldade em dirigir-se desencorajadas pela vergonha e pelo medo”, como referiu Berta Nunes.
O gabinete funciona com uma equipa de dois psicólogos e um jurista e trabalha também com Carrazeda de Ansiães, Mirandela e Torre de Moncorvo, onde a secretária de Estado inaugura um espaço idêntico na sexta-feira.
Nas dificuldades em lidar com este problema são ainda apontados outros aspetos culturais como “a ideia ainda bastante arreigada de que o homem é o chefe de família e do domino dos homens sobre as mulheres”.
“Temos de mudar a cultura, a consciência das pessoas”, defendeu a autarca.
O trabalho do município de Alfândega da Fé na promoção da igualdade de género e não discriminação foi reconhecido em 2016 e 2018 com o Prémio Viver em Igualdade.
Comentários