"Tem muito a ver com esta fase de expansão que estamos a verificar no turismo, mas esta fase de expansão não começou apenas com as ‘low cost'. Nós tivemos crescimentos bastante significativos no mercado americano, nos Estados Unidos e no Canadá, com rotas que não são servidas por ‘low cost', onde têm sido feitas campanhas intensas de divulgação do destino e de captação de turistas", salientou em declarações à Lusa a secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro.
A 29 de março de 2015, foram liberalizadas as rotas aéreas entre as ilhas de São Miguel e Terceira para o continente português e a Madeira.
Na altura iniciaram-se operações das companhias de baixo custo Ryanair e EasyJet para a ilha de São Miguel, enquanto na ilha Terceira os voos ‘low cost' só arrancaram em dezembro de 2016.
De acordo com dados da secretaria regional da Energia, Ambiente e Turismo, em 2015 a região tinha 760 unidades de alojamento e passou a ter 1.239 em 2016, o que representa um crescimento de cerca de 63%.
Exceto o Corvo, a ilha mais pequena do arquipélago, todas as ilhas registaram crescimentos, ainda que tenham sido mais acentuados nas ilhas Terceira (104%), São Miguel (69%) e Pico (64%).
Quanto ao número de camas, verificou-se um aumento de cerca de 25% entre 2015 e 2016, passando de 12.602 para 15.818 em toda a região.
Apesar de terem surgido sete novas unidades de hotelaria tradicional, foi sobretudo o alojamento local que registou um crescimento mais expressivo, passando de 591 unidades em 2015 para 1.060 em 2016.
Para Marta Guerreiro, a tendência justifica-se, em parte, pela capacidade de investimento de alguns privados, mas também pela mudança do perfil de turista que procura a região e que é cada vez mais um visitante independente que agenda viagem, alojamento e experiências através da internet.
"Este tipo de alojamento é muito importante, porque permite aos turistas que nos visitam terem experiências diferentes no destino. Estão muitas vezes mais próximos das populações, mais integrados. É uma oferta complementar que consideramos bastante interessante, naturalmente devidamente legalizada e com todas as questões fiscais regulares", frisou.
Apesar da crescente aposta no alojamento local, estão atualmente em fase de licenciamento 26 unidades de hotelaria tradicional, que correspondem a um incremento de 2.178 camas.
Segundo Sandro Paim, presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores, a liberalização do espaço aéreo traduziu-se numa "alavancagem do crescimento do turismo", não só pela redução do preço das passagens, mas pela visibilidade que as companhias aéreas de baixo custo deram ao destino.
O empresário destacou também a sua importância para a recuperação das empresas do setor.
"Muitas unidades hoteleiras estavam a passar grandes dificuldades e com esta nova realidade no turismo grande parte delas já começa a ter resultados positivos, já começam a contratar pessoas", frisou.
Para a secretária regional do Turismo, a região tem de apostar na qualificação do destino, em termos de infraestruturas, divulgação e formação de recursos humanos, para garantir a sustentabilidade ao setor.
"Nós temos noção de que não teremos taxas de crescimento na ordem dos 20%, como tem acontecido no último ano. A perspetiva que nós temos para os próximos anos continua a ser muito positiva, mas temos a clara noção de que não cresceremos assim para sempre e, por isso, o que interessa é encontrar um modelo onde o turismo tenha uma base sustentada", frisou.
Também Sandro Paim considerou que o crescimento do turismo será menor, mas disse ter expectativas de que atinja os 10%.
"Números como os que tivemos no ano passado são difíceis, mas nós achamos que ainda há muita margem de crescimento", salientou, alegando que a taxa de ocupação média anda na casa dos 50%.
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