Segundo a edição de hoje do diário alemão “Bild”, que teve acesso a documentos confidenciais, Winterkorn participou a 27 de julho de 2015 numa “reunião decisiva” em que se debateu qual seria o melhor momento para informar as autoridades norte-americanas sobre a manipulação das emissões de gases nocivos.
Um dos gráficos apresentados na reunião realizada na sede do construtor automóvel alemão, na cidade alemã de Wolfsburgo, e onde estiveram presentes quinze gestores de topo, referia-se à emissão de gases poluentes, sem serem filtrados, com o termo “modo acústico”.
Este termo era utilizado internamente pela Volkswagen para se referir ao ‘software’ ilegal utilizado nos motores dos automóveis.
“Falámos do termo e de que se tinha instalado algo de ilegal nos nossos automóveis”, disse ao ‘Bild’ um dos participantes na reunião.
Entre os gráficos discutidos na reunião havia um em que se previam duas estratégias diferentes para informar as autoridades norte-americanas.
Na primeira, havia uma opção “defensiva”, que passava por esperar pela aprovação de novos modelos para informar posteriormente, de forma parcial, as autoridades norte-americanas da manipulação, assumindo os riscos e multas elevadas, segundo escreve o diário alemão.
Na segunda, “a ofensiva”, baseava-se em assumir uma total transparência para com as autoridades e pagar multas menores, mas arriscando a autorização de novos modelos.
De acordo com os participantes questionados pelo ‘Bild’, a estratégia adotada pela VW foi “a ofensiva”, mas um dos administradores, Oliver Schmidt, detido este mês nos Estados Unidos por causa do escândalo da manipulação das emissões de gases nocivos, conseguiu mesmo "impor a sua posição".
Este administrador conseguiu que fosse decidido optar por uma “informação parcial do problema” no caso dos motores Gen 1 e Gen 2.
A Volkswagen já aceitou declarar-se culpada e pagar mais 4,3 mil milhões de dólares (quatro mil milhões de euros) para encerrar os processos judiciais associados aos motores diesel manipulados.
Esta mistura de penalidades civis e criminais vai permitir ao grupo alemão escapar a um processo e soma-se aos 17,5 mil milhões de dólares que este gigante do automóvel já se comprometeu a pagar para cobrir os custos do escândalo, que apareceu à luz do dia em setembro de 2015, nos Estados Unidos (EUA).
O fabricante automóvel, que tem 12 marcas, reconheceu ter participado numa “conspiração” para enganar os clientes e as autoridades norte-americanas, mas também ter feito “obstrução à justiça”, ao destruir documentos para dissimular as suas ações.
No final de 2015, a VW reconheceu ter equipado 11 milhões das suas viaturas no mundo, das quais 600 mil nos EUA, com um programa informático que reduzia o nível real das emissões de gases nocivos quando estas eram controladas.
O Departamento de Justiça dos EUA garantiu que, nos próximos três anos, o grupo vai estar sob controlo apertado, terá de se submeter ao controlo de um auditor independente e aceitou “cooperar plenamente” com as autoridades para processar os empregados da VW implicados na fraude.
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