“Além de assinalarmos o 10.º aniversário do MC, homenageamos o engenheiro António Guterres, porque há 25 anos tomou a decisão histórica, enquanto primeiro-ministro de Portugal, de cancelar a construção da barragem do Baixo Côa, o que preservou toda a Arte do Côa que se tornou património mundial”, disse à Lusa o presidente da Fundação Côa Parque (FCP), Bruno Navarro.
Segundo o responsável pela FCP, a ideia de homenagear António Guterres neste 10.º aniversário do MC “é da mais elementar justiça”, já que foi “o grande responsável pela existência desta unidade museológica de referência”, e consequente preservação da arte rupestre do Vale do Côa, com mais de 25.000 anos.
“Trata-se de uma homenagem singela, com uma forte carga simbólica, que passa por associar o nome da personalidade política, que tornou possível a preservação deste património histórico, e fixar a sua imagem em rocha de xisto, à semelhança das gravuras do Côa”, vincou o responsável.
Na opinião de Bruno Navarro, a história dos primeiros dez anos do MC tem sido feita de “altos e baixos e muito exposta às crises cíclicas que o país tem atravessado”.
“Desde 1996, data em que foi criado o Parque Arqueológico do Vale do Côa [PAVC], houve momentos de grande estímulo e esperança e houve outros momentos [mais difíceis]. Contudo, o momento atual é de confiança, em que procuramos consolidar este projeto cultural criando um conjunto de sinergias de âmbito nacional e internacional”, concretizou.
A esta homenagem associam-se vários ministros e outros membros do Governo, representantes da Assembleia da República, instituições de ensino superior, investigadores, autarcas e outras figuras associadas aos projetos da Arte do Côa.
No decurso das cerimónias, será igualmente assinalado o 25.º aniversário da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia em Portugal (1995-2020).
Pelo Museu e Parque Arqueológico do Vale do Côa, nos últimos 25 anos já passagem mais de 600 mil visitantes.
Só pelo MC, nos seus primeiros 10 anos de existência, já passaram cerca de 280 mil pessoas até aos últimos dias deste mês.
O Museu do Côa começou a ser pensado logo nos primeiros dias da polémica da construção da barragem, no Baixo Côa, em 1995, mas foi apenas após a classificação da Arte do Côa como Património Mundial, em 1998, que o Governo português se comprometeu com a construção de um grande museu.
O museu não substitui a visita aos sítios de arte rupestre do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), afinal o “verdadeiro” Museu ao ar livre, no palco real. A unidade musicológica do Douro Superior constitui-se, no entanto, como “o portal” que permite aos visitantes começar uma descoberta da arte rupestre dos vales do Côa e do Douro.
Em simultâneo, é um centro de acolhimento para investigadores que desejam estudar o Côa, aproveitando a maior biblioteca nacional dedicada à arte rupestre.
Os Serviços Educativos da Fundação Côa Parque desenvolvem as suas atividades de modo a acolher quer o público escolar quer o público em geral, doando-lhes a conhecer experiências relacionadas como o Paleolítico Superior e a Arte do Côa.
O primeiro projeto do MC (1998) esteve pensado para o local do paredão da barragem do Baixo Côa, entretanto abandonada. Porém, por decisão governamental, o atual museu ganhou corpo em novo local, junto à foz do rio Côa.
A obra iniciou-se em janeiro de 2007 e o museu foi inaugurado em julho de 2010.
O projeto de arquitetura é da autoria da dupla Tiago Pimentel e Camilo Rebelo, muito inspirada na “Land Art”, integrando-se em harmonia na envolvente, quer na volumetria, quer assimilando cores da paisagem e a sua luminosidade.
Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 25.000 anos.
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