"Dá vontade de rir. No final de um mandato, os governos normalmente fazem uma de duas coisas: fazem balanços ou, quando são muito politiqueiros, fazem inaugurações, o que não está errado, a inauguração é a conclusão de um trabalho que se realiza. O que eu nunca tinha visto é governos que chegam ao fim do seu mandato e fazem anúncios", disse à Lusa Nuno Morais Sarmento.
Em declarações à margem da iniciativa "Desafios sociais em Portugal e na Europa" promovida pela concelhia do PSD local, o vice-presidente social-democrata frisou que o anúncio do PNI 2030 "é a confissão" do incumprimento do plano que existia anteriormente e que foi delineado a 10 anos.
"É a confissão do seu incumprimento, do seu falhanço, da sua incompetência no cumprimento do plano estratégico de infraestruturas que existia, estava em vigor. Foi desenhado a 10 anos e o resultado que este Governo tem para apresentar é o cumprimento de 20% desse plano, ficando 80% por cumprir", assinalou Morais Sarmento.
"A confiança que podemos fazer num governo que cumpriu 20% do último plano é a de que no próximo não consiga resultado melhor do que esse", acrescentou.
Sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e as críticas repetidas de falta de investimento público, Morais Sarmento avisou que não é possível sustentar o SNS "como não é possível sustentar coisa nenhuma sem uma economia a funcionar".
O dirigente nacional do PSD acusou o Governo de se ter esquecido da economia privada: "achou que o milagre da multiplicação dos pães, o simples aumento do consumo, resolveria os problemas e é evidente que não resolve".
"O aumento do consumo é um objetivo, não é uma ferramenta", avisou.
Para Morais Sarmento, a ausência de apoio às empresas e às exportações, ausência de investimento público e apoio ao investimento privado, resultam numa evidência: "É evidente que têm como condições a imediata dificuldade do Estado no cumprimento das suas funções essenciais e uma delas é garantir saúde aos portugueses".
Nuno Morais Sarmento disse ainda que o Serviço Nacional de Saúde foi construído ao longo de 40 anos de democracia por dois partidos "e apenas por dois partidos" (PS e PSD), argumentando que o PS "agora está refém do Bloco de Esquerda e do PCP", partidos que "não querem" o SNS.
"O Bloco de Esquerda quere-o como ferramenta e arma de arremesso e combate político até à revolução final e o PC quer o Serviço Nacional de Saúde mas sem setor cooperativo, sem setor social, sem setor privado, sem qualquer complementaridade ou seja, é, como em tudo, apenas e só o Estado. Esse não é o nosso Serviço Nacional de saúde", considerou.
"O Serviço Nacional de Saúde que temos em Portugal é defendido pelo PSD e devia ser defendido pelo PS. Mas por força das amarras com que está não é defendido pelo PS", frisou Morais Sarmento.
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