"Há um retomar da investigação multidisciplinar no Parque Arqueológico do Vale do Côa, e as descobertas feitas nestes últimos dois anos estão a revelar que a Arte do Côa é muita mais ampla e antiga do que aquilo que se pensava inicialmente", disse à agência Lusa José Arnaut.
Para o arqueólogo, presidente da AAP, o Museu e o Parque Arqueológico do Vale do Côa começam a funcionar com "maior estabilidade" que anteriormente, começando assim a haver condições para levar a cabo "um trabalho de investigação 'de ponta' a nível europeu".
"Falamos apenas de uma equipa de arqueólogos que está a colocar a descoberto novos elementos no Vale do Côa e trata-se de um trabalho muito minucioso que abrange áreas muito reduzidas, havendo aqui espaço para mais equipas de investigação trabalharem em simultâneo, ligadas a várias universidades europeias", indicou.
Para o presidente da direção da AAP, o facto do Parque Arqueológico do Vale Côa (PAVC) ser uma das zonas mais amplas do mundo em arte rupestre ao ar livres permite um contacto mais direto com este tipo de gravura na rocha.
"Enquanto em outros locais espalhados pela Europa há algumas grutas com gravuras ou pinturas rupestres, aqui há uma vasta área ao ar livre que pode ser visitada", observou o arqueólogo.
Na opinião dos especialistas, o que falta de momento é aumentar a área de prestação, no território do PAVC, para a descoberta de mais gravuras.
As conclusões são tiradas à margem do "Côa Symposium", que junta, até quinta-feira, em Vila Nova de Foz Côa, especialistas mundiais em arte rupestre, num debate que servirá para assinalar o 20.º aniversário do Vale do Côa, como Património da Humanidade.
O "Côa Symposium" trata-se de uma iniciativa internacional que tem por objetivo abordar novos olhares sobre a Arte Paleolítica do Vale do Côa, no distrito da Guarda.
Ainda recentemente, uma equipa de arqueólogos que trabalham no Vale do Côa colocaram a descoberto uma nova gravura rupestre datada de entre os 15 mil e os 18 mil anos, que representa uma "cabra".
Segundo os especialistas, os motivos desta nova rocha apresentam um estilo que é mais característico de fases mais recentes do Paleolítico Superior, com uma idade em redor dos 15 mil a 18 mil anos, do que a maioria das rochas do sítio, com 25 mil a 28 mil anos.
O PACV tem uma extensão de 20 mil hectares em todo o seu território e mais de meio milhar de rochas identificadas no período do paleolítico, dos 25 mil aos 30 mil anos.
Segundo os especialistas, ali se encontra o maior museu ao ar livre do Paleolítico de todo o mundo, que, em 1998, recebeu a classificação de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.
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