Na área das publicações, na categoria Livros, foi distinguida com o primeiro prémio a coleção de Guias de Arquitetura de Projetos Construídos de Portugal, publicada pela A+A Books, com coordenação editorial de Maria Melo e Michel Toussaint, dedicados a arquitetos como Álvaro Siza, Souto de Moura e Carrilho da Graça.
Na área de projeto, a escolha da reabilitação do Colégio da Trindade foi feita entre um total de 997 propostas, de “equipamentos públicos, centros culturais, docentes ou recreativos”, a par de residências e reabilitações, localizando-se as obras premiadas na Argentina, Brasil, Chile, Equador, Espanha, México, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela, como destaca a BIAU.
Todas as obras premiadas “são muito potentes”, tendo sido “feitas a pensar em quem e como as habitará”, indicou o júri da 11.ª edição da bienal, este ano focada na forma de habitar no quotidiano, no espaço ibero-americano.
Dos 17 projetos premiados, foram distinguidos dois com “o prémio especial do Panorama de Obras”: o Sesc 24 de Maio, do arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha (autor do novo edifício do Museu dos Coches, em Lisboa), que transformou num centro de recreio a sede dos antigos armazéns Mesbla, em São Paulo, e o Museu do Clima em Leida, em Espanha, do arquiteto Toni Gironès.
O prémio principal da BIAU, o Prémio Ibero-americano de Arquitetura e Urbanismo, anunciado anteriormente, distinguiu ex-aequo o arquiteto espanhol César Ortiz-Echagüe Rubio, nascido em Madrid, em 1927, e o arquiteto argentino Jorge Enrique Scrimaglio, nascido em Rosario, em 1937.
“Ambos os arquitetos constituíram, ao longo dos anos e a partir da sua forte condição marginal e periférica, uma sólida referência da arquitetura ibero-americana. As suas figuras permaneceram ocultas e afastadas dos circuitos mediáticos, mas a sua arquitetura soube multiplicar o seu interesse ao longo dos anos, até se situar no centro do discurso contemporâneo”, lê-se na decisão da BIAU.
Os prémios nas categorias de publicações, distinguiram ainda, a revista Bartlebooth, de Antonio Giráldez López, Begoña Hermida Castro e Pablo Ibáñez Ferrera, de Espanha, o trabalho de investigação, “A bela desordem. Da harmonia vitruviana ao descobrimento do caótico como fonte da estética arquitetónica”, de Carlos Santamarina-Macho, e o trabalho Académico, “Protótipo Mocambo Anfíbio”, de Aline Kellen Teixeira Barros Rabelo, do Brasil.
O projeto de reabilitação do Colégio da Trindade era um dos 20 projetos portugueses levados a concurso, selecionados pelo arquiteto Paulo David, como a Praça das Portas do Mar, que engloba o Campo das Cebolas, ou o lugar da antiga Ribeira Velha, de João Luís Carrilho da Graça, arquiteto, com Victor Beiramar Diniz, arquiteto paisagista, o Terminal de Cruzeiros de Lisboa, também de Carrilho da Graça, e a Praça “Fonte Nova”, em Benfica, de José Adrião Arquitetos.
Construído no século XVI, o Colégio da Trindade, na Alta de Coimbra, acolheu ordens religiosas, tribunais, até mesmo comércio. Concluída a reabilitação, em 2017, passou a ser a Casa da Jurisprudência, extensão da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Em declarações à Lusa, o arquiteto Paulo David sublinhou a presença portuguesa na BIAU, a decorrer desde domingo no Paraguai, pela oportunidade “interessante e enriquecedora” de partilha com arquitetos daqueles países.
“Portugal e Espanha são os únicos países europeus que participam, e é importante esta presença além Atlântico, numa bienal com muitos países da América Latina”, vincou à Lusa.
A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se hoje à noite, no Teatro Municipal de Assunção, capital do Paraguai.
A Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo é uma iniciativa do Governo da Espanha em colaboração com instituições ibero-americanas, e tem por objetivo divulgar a arquitetura e o urbanismo na comunidade ibero-americana.
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