"Morreu a tentar alcançar o sonho de vencer uma das mais duras e perigosas"
Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada no site da presidência da República, lamentou a morte do piloto e apresentou "à família enlutada as mais sentidas condolências".
"Paulo Gonçalves morreu a tentar alcançar o sonho de vencer uma das mais duras e perigosas provas de rally do mundo, na qual foi sempre um digníssimo representante de Portugal, chegando a alcançar o segundo o lugar em 2015", refere o texto.
"Um atleta de exceção"
O primeiro-ministro, António Costa, disse hoje que o piloto português Paulo Gonçalves será lembrado como um “exemplo de ética, altruísmo e sã competição”, e deixou as “mais sentidas condolências à família”.
“Lamento profundamente a morte do motociclista Paulo Gonçalves no Dakar 2020. Um atleta de exceção, Paulo Gonçalves será lembrado como um exemplo de ética, altruísmo e sã competição. Foi Prémio Nacional de Ética no Desporto de 2016. As mais sentidas condolências à sua família”, escreveu o primeiro-ministro no Twitter.
"Choque e tristeza"
O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, manifestou hoje "choque e tristeza" pela morte do piloto português Paulo Gonçalves na sequência de uma queda no Rali Dakar.
Numa mensagem enviada à agência Lusa, o presidente da Assembleia da República "manifesta o seu choque e tristeza pela morte do motociclista Paulo Gonçalves".
Ferro Rodrigues "irá tomar a iniciativa de apresentar um voto de pesar em próxima reunião plenária da Assembleia da República, endereçando, em seu nome e em nome da Assembleia da República, as mais sentidas condolências à família e amigos", lê-se na mesma nota.
"Hoje perdemos um dos nossos"
O diretor do rali Dakar2020, o francês David Castera, salientou hoje a tenacidade de Paulo Gonçalves, que há poucos dias mudava o motor da sua mota e hoje morreu na sétima etapa da corrida.
“Paulo era meu companheiro, estava no Dakar há muito tempo, toda a gente o conhecia. Há cinco etapas estava a mudar o motor da sua mota, era muito tenaz. Conhecia os riscos de um rali, quando o pior acontece é muito difícil para todos”, disse.
Castera, que este ano substituiu Etienne Lavigne na direção da mítica corrida, explicou, num vídeo divulgado pela organização e que homenageia o piloto português, não se saber muito sobre o acidente ao quilómetro 273.
“Não sabemos as circunstâncias, era um segmento rápido e foi onde o Paulo teve o acidente, os médicos tentaram reanimá-lo, mas, infelizmente, não conseguiram e ele morreu ao quilómetro 273 da sétima etapa”, explicou.
O vídeo, publicado na página oficial da competição, fala em “dia negro no Dakar2020” e mostra depoimentos de Ricky Braber, da Honda, por onde Paulo Gonçalves passou, ou dos campeoníssimos Stéphane Peterhansel e Carlos Sainz.
“Nunca sabemos o que vai acontecer, hoje perdemos um dos nossos, o Paulo Gonçalves”, referiu Braber, enquanto Peterhansel falou das dúvidas que estas situações colocam em relação à importância da competição e Sainz falou na tristeza de todos.
"Um exemplo de dedicação e de altruísmo”
“O percurso do motociclista português na alta competição ficou marcado por colocar sempre na frente da sua ação os valores da ajuda, do companheirismo e da sã competição”, refere a nota conjunta do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo.
Nesse mesmo comunicado, é lembrado o gesto do piloto português no Dakar de 2016, quando parou para ajudar o austríaco Matthias Walkner (KTM), ao lado de quem permaneceu após uma queda deste e fratura de uma perna.
“Essa atitude no Dakar 2016, entre outras que foi tendo ao longo do seu percurso desportivo, levou a que o IPDJ atribuísse ao motociclista o Prémio Nacional de Ética no Desporto de 2016. A própria Federação Internacional de Motociclismo atribuiu idêntica distinção”, lembrou o Governo.
Tiago Brandão Rodrigues e João Paulo Rebelo dizem ainda que Paulo Gonçalves, que morreu hoje aos 40 anos, durante uma etapa do Dakar, será como “um atleta de exceção, um dos grandes campeões da história do desporto motorizado, um exemplo de dedicação e de altruísmo”.
"Era um exemplo como piloto e como pessoa"
O presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), o português Jorge Viegas, considerou hoje, em declarações à Agência Lusa, que "o motociclismo português está de luto muito carregado" na sequência da morte de Paulo Gonçalves no Rali Dakar.
"Não posso estar mais triste. Era um piloto que adorava e que conhecia desde pequenino. Era um exemplo como piloto e como pessoa", começou por dizer Jorge Viegas à Lusa. O antigo presidente da Federação de Motociclismo de Portugal revelou ter sido acordado por David Castera, o diretor da prova. “Disse-me que o encontraram já morto. Foi em reta, o que é estranho. Não sabem o que aconteceu", contou.
O presidente da FIM aproveitou para "endereçar mais sentidos pêsames à família".
“O motociclismo português está de luto muito carregado. O Paulo era sempre uma alegria onde chegava e era muito boa pessoa", concluiu Jorge Viegas.
"Ainda tinha muito para dar na prova"
"O Paulo era um lutador, um profissional. Ninguém merece uma coisa destas, mas ele ainda menos. Era daqueles que nunca desistia", disse o antigo piloto Paulo Marques à agência Lusa.
O antigo piloto de Famalicão era o diretor da equipa Honda que levou Paulo Gonçalves pela primeira vez ao Rali Dakar, em 2006. "Correu para mim em 2006. Correu no enduro na minha equipa e arranjámos condições para ele ir ao Dakar. Era um piloto muito forte fisicamente e com uma cabeça muito determinada. Era um profissional", recorda Paulo Marques.
O "Marquês", primeiro português a ganhar uma etapa nas motas no Dakar, acredita que o piloto de Esposende "ainda tinha muito para dar na prova", onde deixa "um legado". "É dos pilotos com maior palmarés português", recorda Paulo Marques, que lembra "uma pessoa pacata, nortenho de gema, com piada”. “Gostava de estar sempre com os amigos. Era uma pessoa muito querida", concluiu, emocionado.
"Fica-nos a saudade"
“É uma notícia triste e trágica”, referiu Miguel Marinheiro em declarações à agência Lusa, considerando que o piloto de Esposende, que morreu hoje na Arábia Saudita, “merece todos os elogios”.
Segundo o presidente da Federação de Motociclismo de Portugal (FMP), o ‘motard’ português, de 40 anos, “era um apaixonado da vida e das motas”, lembrando-o como “o piloto com mais títulos de campeão nacional”, mas acima de tudo como “um excelente homem”.
“Começou no motocrosse, passou pelo enduro e pelo todo-o-terreno, em todas as modalidades que praticou foi campeão” disse, acrescentando: “O Paulo era um piloto de excelência e respeitado por todos os adversários”.
Miguel Marinheiro referiu que o piloto era também um apaixonado pelo Dakar, onde teve “excelentes resultados” entre os quais um segundo lugar em 2015.
“Agora nos últimos anos a sua paixão era o Dakar, com excelentes resultados. Todos os anos, todos esperávamos uma vitória do Paulo que, infelizmente, já não vai acontecer. Fica-nos a saudade, mais a memória do excelente piloto que ele foi e dos resultados brilhantes que teve”, afirmou.
"Nunca te esqueceremos"
"O nosso amigo e antigo corredor da Team HRC (2013-2019) Paulo Gonçalves morreu hoje durante a sétima etapa do Rali Dakar de 2020. A equipa Monster Energy Honda queria estender as condolências à sua família e amigos. Descansa em paz, Paulo. Nunca te esqueceremos", lê-se numa mensagem da equipa nipónica na rede social Twitter.
"Hoje é um dia muito triste aqui no Dakar. Descansa em paz, Paulo", escreveu o piloto espanhol Carlos Sainz no Twitter.
"Uma marca profunda na vida de quem teve o privilégio de se cruzar”
Já Miguel Oliveira disse que Paulo Gonçalves deixou "uma marca profunda na vida de quem teve o privilégio de se cruzar” consigo. “A tua coragem e valentia são exemplos para todos nós. DEP [Descansa em paz]", escreveu na mesma rede social o piloto de MotoGP.
"Até sempre, Campeão!"
"Descansa em paz, guerreiro Paulo. O desporto e Portugal ficam hoje mais pobres. Até sempre, Campeão!", escreveu Félix da Costa na rede social Facebook, acompanhando a publicação com uma fotografia do piloto de Esposende.
O espanhol Marc Márquez, hexacampeão mundial de motociclismo, na categoria de MotoGP, disse hoje que lembrará Paulo Gonçalves pela sua “paixão e ainda melhor coração”.
“Muito triste com o falecimento do Paulo no Dakar. Vamos recordar-te sempre pela tua paixão e melhor coração. Descansa em paz amigo”, escreveu no Twitter o campeão mundial e piloto da Honda, marca que Paulo Gonçalves também representou.
"O motociclismo fica mais pobre"
À SIC Notícias o piloto Bernardo Vilar também recordou o colega. "O Paulo era referência, teve uma carreira excelente", disse. "Ele já tinha muita experiência nesta prova, embora tivesse tido muito azar, deu uma demonstração gigante de que era mesmo um piloto Dakar", continuo. "Todos o vimos a mudar um pneu sozinho a meio do deserto, sem baixar os braços (...) O motociclismo fica mais pobre", acrescentou.
Armindo Araújo, piloto português de ralis, recordou à RTP3, Paulo Gonçalves. "Conheço o Paulo há muitos anos, era um lutador e um piloto de excelência".
"Ele era uma referência a nível mundial", disse Pedro Lamy, automobilista português, conhecido por ser o primeiro português a marcar um ponto pelo campeonato mundial de Formula 1, à TVI24. "Este acidente é muito difícil de aceitar, mas faz parte do risco do desporto motorizado, recordou.
“Um guerreiro"
O piloto português Tiago Monteiro, antigo corredor na Fórmula 1 e atualmente a competir na Taça do Mundo de carros de turismo (WTCR), lamentou hoje a morte de Paulo Gonçalves, “uma pessoa incrível”.
“Um guerreiro, uma pessoa incrível! Descansa em paz amigo. Gone too soon [partiu demasiado cedo]”, escreveu o piloto português nas redes sociais.
“Foi parceiro do Sport Lisboa e Benfica em vários anos e sentia grande orgulho em ostentar a águia no equipamento de 'motard', nomeadamente no capacete, durante as provas sobre duas rodas”, lembrou o Benfica na sua página oficial na internet.
Na nota, em que lembram também o título mundial de rali crosse conquistado em 2015 e a presença regular do piloto no Dakar, os ‘encarnados’ ainda manifestam pesar à “família e amigos de Paulo Gonçalves”.
Já Madjer, duas vezes melhor jogador de futebol de praia do mundo, escreveu que "o desporto português e mundial ficou mais pobre".
"Um ser humano fantástico e um piloto único"
António Maio (Yamaha), um dos pilotos portugueses presentes no Rali Dakar de todo-o-terreno, mostrou-se "em choque" com a queda fatal de Paulo Gonçalves no decorrer da sétima de 12 etapas da edição deste ano.
"Vou tentar apagar da minha memória tudo o que vi e o que se passou depois, nesta que foi a etapa mais difícil da minha vida", escreveu na rede social Facebook, acompanhando com uma fotografia com Paulo Gonçalves, entre outros pilotos, num dia de treinos.
António Maio foi um dos pilotos que passou pelo local do acidente, revelando ter ficado "em choque" quando chegou ao acampamento.
"É com aquele piscar de olho e o desejo de "boa sorte" uns segundos antes de partires para a 7.ª etapa que te vou recordar para sempre! Um verdadeiro Homem, um ser humano fantástico e um piloto único! Obrigado Paulo por seres uma das minhas referências", escreveu o antigo campeão nacional de todo-o-terreno, que participa no Dakar pela segunda vez.
Paulo Gonçalves
Paulo Gonçalves, segundo da edição de 2015 e que disputava o seu 13.º Dakar, caiu ao quilómetro 276 da especial.
De acordo com a informação da Amaury Sport Organization (ASO), o alerta foi dado às 10:08 horas locais, menos três em Lisboa.
Foi enviado de imediato um helicóptero que chegou junto do piloto às 10:16, tendo encontrado Paulo Gonçalves inconsciente e em paragem cardio-respiratória.
"Depois de várias tentativas de reanimação no local, o piloto foi helitransportado para o hospital de Layla, onde foi confirmada a morte", lê-se.
Paulo Gonçalves ocupava a 46.ª posição das motas à partida para esta etapa.
O piloto participava pela 13ª vez no Rali Dakar, tendo alcançado o segundo lugar na edição de 2015. A primeira vez que disputou a prova foi em 2006 e já conseguira terminá-la por quatro vezes no top 10. Em 2016, o piloto contou ao Observador a prova, etapa a etapa.
Nascido a 5 de fevereiro de 1979, natural de Esposende, foi campeão do mundo em motociclismo todo-o-terreno em 2013 e vice-campeão em 2014.
"Vou tentar dar o meu melhor, um dia de cada vez. Tenho uma mota fantástica. Estou orgulhoso de estar aqui na Arábia Saudita e fazer parte do terceiro capítulo do Dakar. Vou tentar desfrutar das especiais e do país", disse Paulo Gonçalves, citado pela agência Lusa, na cerimónia de apresentação dos pilotos no pódio.
O Rali Dakar, que decorre na Arábia Saudita, começou no domingo, 5 de janeiro, em Jeddah e vai terminar no dia 17 em Riade.
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