Os 13 arguidos são acusados de pertencerem a um grupo que terá feito mais de 80 furtos entre setembro de 2016 e dezembro de 2017, quando a operação parou após três dos principais suspeitos terem sido detidos pela PJ, quando regressavam de mais um assalto.
Os assaltos decorreram em diversos distritos, como Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Leiria, Coimbra, Porto e Braga, numa ação que recorria a explosões para assaltar os terminais de multibanco, em operações em que cada um dos elementos "obedecia a regras rígidas aceites por todos", refere o Ministério Público, na acusação a que a agência Lusa teve acesso.
Antes dos furtos, os membros "selecionavam criteriosamente as caixas multibanco", procurando perceber a marca e modelo do terminal, através de consultas de movimento de cartões de débito, tendo preferência pelas caixas de uma versão da marca BAUSSA, mais "antiga e ultrapassada e com menos mecanismos de segurança", refere o Ministério Público (MP).
Para o assalto, o grupo recorria a carros previamente furtados e usava chapas de matrículas também roubadas e correspondentes a outros veículos, conta.
No local, era habitual os arguidos pulverizarem as câmaras de vídeo dos circuitos de gravação, levavam consigo diversas peças de roupa para trocarem após a prática dos crimes e utilizavam rádios portáteis emissores/recetores por forma a não recorrerem a telemóveis, alega o MP.
De acordo com a acusação, para o assalto, para além do material necessário para o roubo, como botijas de gás acetileno e mangueiras, estavam também munidos de armas de fogo, como revólveres e espingardas AK-47, bem como extintores que podiam aspergir contra as viaturas policiais em caso de perseguição.
De acordo com o Ministério Público, cada um dos arguidos tinha uma função específica durante o furto da caixa multibanco.
Após e antes do assalto, os arguidos recorriam a uma das pelo menos quatro garagens que dispunha, onde tinham material que usavam para o roubo.
Já as companheiras de dois dos principais membros do grupo intermediavam contactos com outros membros e ocultavam artigos utilizados nos assaltos, recorrendo normalmente às quatro garagens que dispunham em Loures, Oeiras, Cascais e Alcobaça.
A ação do grupo acabou quando, após um furto em Torres Novas, ao chegarem ao armazém de Alcobaça com o dinheiro, foram intercetados por elementos da PJ e da GNR, que acabaram por os deter.
No processo que vai a julgamento em 6 de janeiro de 2020, no Tribunal de Coimbra, estão 13 arguidos, com diferentes graus de participação no grupo.
Os três principais são acusados de vários crimes de furto qualificado, posse de arma proibida, falsificação de documento, explosão, recetação e branqueamento de capitais.
Outros são acusados de participarem no branqueamento de capitais do grupo, como é o caso de dois homens que, com as suas empresas, celebraram contratos de trabalho com dois dos arguidos para tentar "encobrir os proveitos económicos" dos furtos, explica o Ministério Público.
Cinco dos 13 arguidos estão presos preventivamente.
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