A votação decorreu na terça-feira à noite, numa sessão extraordinária em que o salão nobre da Junta de Freguesia não foi suficiente para acomodar todos os interessados nos trabalhos, pelo que cerca de 50 pessoas tiveram que permanecer fora da sala sem conseguir ouvir as intervenções dos deputados.
A moção vencedora foi apresentada pela estrutura cívica independente "Mais Milheirós", que, com cinco elementos contra quatro do PSD, fez passar a proposta que apoia o projeto-lei n.º 1004/XIII/2, que a 28 de setembro deu entrada na Assembleia da República pelas mãos de PS e BE para que o parlamento se pronuncie sobre a reestruturação do concelho da Feira - e, em caso de a aprovar, essa entre em vigor a 01 de janeiro de 2019.
"As eleições autárquicas de 2017 evidenciaram uma vez mais a maturidade e persistência do povo de Milheirós, que deu a maioria absoluta a uma candidatura inédita na freguesia e independente dos partidos políticos, e que teve como principal bandeira de campanha a luta pela integração da freguesia de Milheirós de Poiares no concelho de São João da Madeira", lê-se no documento aprovado pela maioria.
Os subscritores da moção consideram, por isso, que o projeto-lei 1004/XIII/2 "finalmente dá sequência à pretensão antiga, duradoura, referendada e confirmada" de que Milheirós seja desintegrado da Feira e passe para o outro concelho que lhe é contíguo.
Os deputados do “Mais Milheirós” realçam, nesse contexto, que a população da freguesia "teve oportunidade de se pronunciar de forma livre e democrática a 16 de setembro de 2012 em referendo local, votando por expressivos 81% a favor da integração em São João da Madeira, num ato que teve uma participação superior a 50%".
Notam ainda que, depois disso, também as eleições autárquicas de 2013 revalidaram o resultado da auscultação de 2012 ao darem a vitória por maioria absoluta à "única candidatura a inscrever no seu programa eleitoral a intenção de concretizar o resultado do dito referendo".
O mesmo aconteceu no mandato 2013-2017, quando a Assembleia de Freguesia de Milheirós se pronunciou sobre a petição que deu entrada no parlamento com cerca de 5.300 subscritores favoráveis à mudança, tendo o órgão local "aprovado por unanimidade a pretensão de integração no concelho de São João da Madeira".
Já os deputados do PSD, na sua declaração de voto, enumeram várias razões pelas quais consideram a saída da Feira um erro, entre as quais o caráter "desatualizado" do referendo de 2012, no qual "apenas participaram eleitores de Milheirós, não tendo sido auscultados nem os de Santa Maria da Feira nem os de São João da Madeira".
Referem também que a Assembleia Municipal da Feira se pronunciou pela manutenção da freguesia no concelho a que pertence atualmente e que uma eventual mudança territorial constituirá "uma retirada imprudente, injustificada, prejudicial e, sobretudo, atentatória da vontade de número muito significativo de milheiroenses".
Essa perspetiva é reforçada com a observação de que, nas autárquicas de 2017, os eleitores da Milheirós "votaram maioritariamente no PSD para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal, presididas por claros defensores da integridade do concelho de Santa Maria da Feira" nos moldes atuais.
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