Durante a audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar, a requerimento do BE, sobre os acontecimentos nos abrigos ‘Cantinho das Quatro Patas’ e ‘Abrigo de Paredes’, o comandante da associação, Pedro Batista, explicou aos deputados que quando chegou ao local, pelas 02:00 da madrugada de domingo (19 de julho), a zona onde funcionavam os canis e “onde poderiam trabalhar”, estava “totalmente queimada”, razão pela qual não havia o risco de reacendimentos, pois, a essa hora, o incêndio “já estava em fase de rescaldo”.

Na sequência do incêndio do fim de semana de 18 e 19 de julho, que deflagrou no concelho de Valongo, mas que se propagou até à serra da Agrela, no concelho vizinho de Santo Tirso, no distrito do Porto, morreram sete dezenas e meia de animais instalados em abrigos ilegais e 190 foram resgatados com vida, tendo sido acolhidos por associações, particulares e canis municipais.

O responsável pela APBS revelou no Parlamento que é possível confirmar através da “fita do tempo” da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) que às 02:00 da madrugada de domingo o incêndio consta como dado em fase de rescaldo.

O comandante contou que chegou à serra da Agrela pelas 02:00, depois de alertado por populares via telefone, e que, duas horas mais tarde, tinha no terreno mais seis operacionais da associação, acrescentando que foram “proibidos” pelo comandante da GNR no local de entrar no espaço, o qual lhe disse que “estaria tudo bem” e que não se podiam dirigir ao abrigo ‘Cantinho das Quatro Patas’ para prestar o socorro.

Pedro Batista relatou que, cerca de cinco minutos mais tarde, pelas 04:05, e após conversa com as proprietárias, foram apenas autorizados a progredir cerca de uma centena de metros.

“Vimos alguns cadáveres, mas tínhamos outros animais bastante subnutridos e a precisar de cuidados. Houve esse impedimento [de chegar junto dos animais]. Poderíamos ter salvo animais, sem dúvida nenhuma, se nos tivessem deixado agir quando chegamos”, assegurou aos deputados o comandante da APBS.

O também bombeiro em Valongo referiu que a reação das proprietárias “não foi a melhor, sabendo da situação” dos canis, e que se limitaram a acatar a ordem da GNR de não autorizar a entrada dos elementos da associação, sublinhando que alguns dos militares desta força de segurança até tinham vontade em “colaborar” com a associação, “só que tinham ordens superiores para não o fazer”.

Segundo o comandante, a associação, com cerca de um ano de existência e que aguarda reconhecimento formal por parte da ANEPC, não “tinha conhecimento” dos dois abrigos nem das condições em que se encontravam os animais.

Em resposta aos deputados, Pedro Batista afirmou que, entre a chegada ao local (02:00 de domingo) e as 10:00 da manhã desse dia, hora em que o vereador José Pedro Machado, da Câmara de Santo Tirso, prestou declarações aos jornalistas, a associação “não teve contacto com ninguém” da Proteção Civil Municipal deste município.

O presidente da câmara de Santo Tirso, Alberto Costa, que está também hoje a ser ouvido na Assembleia da República, suspendeu o veterinário municipal, sujeitando-o a um processo disciplinar, e retirou o pelouro da Proteção da Vida Animal ao vereador José Pedro Machado, chamando a si “todo o processo relacionado com o abrigo dos animais”.

O autarca socialista, cuja atuação também foi questionada pelo menos por estruturas comunistas e social-democratas locais, mostrou-se igualmente disponível para colaborar com o Ministério Público que abriu um inquérito ao caso, depois de em 2018 ter arquivado outro processo sobre o abrigo.

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