“Os hospitais não podem ser campos de batalha e estamos extremamente preocupados com a segurança do pessoal médico e dos doentes”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, que se reuniu na terça-feira em Genebra com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, e com o ministro da Saúde, Uriel Menachem Buso.

O especialista etíope afirmou que a OMS perdeu o contacto com o pessoal do principal hospital de Gaza, lamentando não receber há três dias informações atualizadas sobre os mortos e feridos em Gaza, “o que dificulta a capacidade de avaliar o funcionamento do sistema de saúde”.

“O que sabemos é que apenas um quarto dos hospitais em Gaza ainda estão a funcionar e 26 dos 36 fecharam devido aos danos causados pelos ataques ou porque ficaram sem combustível”, lamentou o chefe da OMS na sua conferência de imprensa semanal.

“Antes do conflito, havia cerca de 3.500 camas de hospital em Gaza, agora estima-se que existam apenas 1.400 e, com um número muito maior de pacientes, os médicos e enfermeiros têm de tomar decisões impossíveis sobre quem vive e quem não vive”, disse Tedros.

O diretor-geral da OMS reiterou a necessidade da entrada de combustível em Gaza para abastecer os hospitais e outros serviços básicos, num dia em que Israel autorizou, pela primeira vez, a entrada de 23.000 litros de combustível em Gaza, embora inicialmente apenas para os camiões que transportam ajuda humanitária.

“São necessários pelo menos 120.000 litros de combustível por dia para alimentar os geradores dos hospitais, as ambulâncias, as estações de dessalinização, as estações de tratamento de resíduos e as telecomunicações”, alertou Tedros.

O exército israelita anunciou na terça-feira à noite que estava a levar a cabo “uma operação direcionada e de precisão contra o Hamas num setor específico do hospital de Al Shifa”, o maior da Faixa de Gaza.

O hospital está sem eletricidade, água potável e alimentos há vários dias, abrigando cerca de 9.000 pessoas, incluindo deslocados, pessoal médico e pacientes, entre os quais mais de 30 bebés prematuros.

França manifestou hoje a sua “profunda preocupação com as operações militares no hopital Al Shifa”, afirmando que a população palestiniana “não deve pagar pelos crimes do Hamas”.

O país recorda também “a necessidade absoluta de Israel respeitar o direito humanitário internacional, que prevê, nomeadamente, a proteção das infraestruturas hospitalares e impõe, em todos os momentos e em todos os locais, princípios claros de distinção, necessidade, proporcionalidade e precaução”.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros jordano, Ayman Safadi denunciou o “silêncio” do Conselho de Segurança quanto à operação israelita.

“Este silêncio esconde os crimes de guerra, logo não pode ser aceite ou justificado. O Conselho deve agir”, disse Safadi na rede social X.

Também a Noruega manifestou preocupação com as operações, afirmando que estão “a ir longe demais e não podem ser aceites”.

“Isto agrava uma situação humanitária já em si horrível em Gaza”, afirmou o chefe da diplomacia norueguesa, Espen Barth Eide.

Israel e o Hamas, movimento considerado terrorista por União Europeia e Estados Unidos, estão em guerra desde 07 de outubro, quando o grupo extremista islâmico invadiu o sul do país a partir da Faixa de Gaza e matou 1.200 pessoas.

Desde então, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, disse que mais de 11 mil pessoas foram mortas em bombardeamentos e operações terrestres israelitas naquele território.