2020, annus horribilis, termina com um retrato daqueles que foram os últimos nove meses, desde que no dia dois de março foi detetado o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus em Portugal. Hoje, dia 31 de dezembro, foi o pior dia da pandemia com a Direção-Geral de Saúde a contabilizar 7.627 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas. Um murro no estômago entre festas para garantir, como se fosse sequer possível, de que não nos iríamos esquecer de vinte vinte, o número redondo que não nos fez andar em círculos, mas que nos fechou nos nossos quadrados.

2021 vai começar da mesma forma, para a esmagadora maioria da população. Cada um no seu quadrado, como um dia profetizou Iran Costa. A partir das 23 horas o país entra em recolher obrigatório até 5h00 do dia 1 de janeiro, o primeiro de três - sexta-feira, sábado e domingo - em que as pessoas terão entre as 5h00 e as 13h00 a única janela temporal para poder sair de casa. Medidas restritivas, antagónicas às do período natalício. É a dieta para curar o pecado.

Mas não fujamos já para lá da meia-noite, não vá existir alguma superstição igual à dos parabéns antecipados e azaremos já isto tudo. Embalemos o novo ano com a esperança e as coisas boas de 2020 - sim, aconteceram. O Almanaque da Felicidade dá hoje a conhecer mais duas histórias, a da cientista Maria Manuela Mota, que coordenou a criação dos primeiros kits de diagnóstico portugueses da covid-19, e Miguel Oliveira, piloto de Moto GP, que este ano conquistou os seus dois primeiros Grandes Prémios.

Agora, o que é aconteceu no mundo no último dia do ano? Coisa pouca, mas importante. O caso da morte de Ihor Homeniuk conheceu hoje um novo capítulo com a notícia de que a família do cidadão ucraniano, que morreu às mãos do SEF vai ser indemnizada em cerca 800 mil euros. Para além disso, a campanha de vacinação nos Açores começou hoje. E, a fechar o pódio, o Ministério da Justiça admitiu a existência de "dois lapsos" no currículo do procurador José Guerra que enviou para o Conselho da União Europeia, no âmbito da sua nomeação para o cargo de procurador europeu.

Acho que está tudo. Vamos fechar isto? Permita-me apenas deixar em jeito de sugestão, para quando estiver a contar as passas, a verificar se não esqueceu de vestir roupa interior azul ou a preparar as panelas e frigideiras para ir para a janelas espantar os males deste ano, sugerir quatro artigos que são o olhar sobre 2020 sob a lente do SAPO24. O primeiro, o retrato de 12 meses que foram marcados por uma série de avanços e recuos no que toca aos impactos ambientais. O segundo, o obituário do ano, um artigo que mesmo que tenha só um nome, será sempre um nome a mais. Terceiro, o resumo de 2020 em imagens, porque às vezes os clichês também são verdade e uma fotografia pode mesmo valer por mil palavras. Por último, mas não menos importante, o resumo do ano no SAPO24, casa que eu e os meus colegas partilhámos consigo. Aqui vai encontrar o principal de 2020 e os artigos mais vistos por quem nos leu.

Agora sim, votos de muita saúde e felicidade. Que o próximo ano consiga cumprir o requisito mínimo de ser melhor do que este.

P.S. Já temos spoilers de como vai ser 2021. Espreite aqui esta galeria com as imagens de quem já lá chegou.