“A Medeia Filmes vai homenagear o ator, com um ciclo no Teatro Campo Alegre, no Porto, de 21 a 27 de fevereiro [e um programa especial no Espaço Nimas, em Lisboa, na segunda-feira, 25 de fevereiro]”, lê-se no site da exibidora Medeia Filmes.
O ciclo começa hoje, com a exibição de “A Cidade Branca” (1983), do suíço Alain Tanner, protagonizado por Bruno Ganz. No filme, rodado em Lisboa, no início da década de 1980, o ator suíço contracenou com a atriz portuguesa Teresa Madruga.
Na sexta-feira, estará em cartaz “A Mulher Canhota” (1978), do austríaco Peter Handke, sobre a sua novela e, no sábado, “As Asas do Desejo” (1987), do alemão Wim Wenders.
Nesse dia será ainda exibido o documentário “Sob Céus Estranhos” (2002), do português Daniel Blaufuks, que contou com a participação de Bruno Ganz.
O ciclo prossegue no domingo com “O Amigo Americano” (1977), de Wim Wenders, e “A Poeira do Tempo” (2008), do grego Theo Angelopoulos, na segunda-feira, com “A Eternidade e Um Dia” (1998), também de Theo Angelopoulos, na terça-feira, com “Amnesia” (2015), do francês Barbet Schroeder, terminando na quarta-feira com “A Casa de Jack” (2018), do dinamarquês Lars von Trier.
A sessão especial no Espaço Nimas está marcada pela segunda-feira. Nesse dia serão exibidos “A Mulher Canhota”, “As Asas do Desejo” e “A Cidade Branca”. Depois da exibição dos filmes, haverá uma conversa com o produtor Paulo Branco e a atriz Teresa Madruga.
Bruno Ganz, depois de filmar “A Cidade Branca” em Lisboa, regressou a Portugal por diversas vezes, para o Festival de Almada, para atuar na Culturgest, onde falou de Goethe, em 2002, e para a rodagem de “Comboio Noturno para Lisboa”, de Bille August.
Em 2015 foi um dos convidados de honra do Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST) – que o homenageou -, para acompanhar a retrospetiva dedicada ao cineasta alemão Wim Wenders.
Nos encontros com o público, destacou então o seu desempenho no filme “As Asas do Desejo”, onde, na Berlim anterior à queda do muro, foi um anjo que, por paixão, decidiu transformar-se em homem.
Trabalhou por diversas vezes com o produtor português Paulo Branco.
Bruno Ganz nasceu em Zurique em 1941. É detentor do Iffland-Ring (o Anel da Terra de Iff, em tradução livre), o prémio atribuído há mais de 200 anos ao mais importante ator de teatro de língua alemã.
Foi membro do Teatro Goethe em Bremen, onde interpretou obras de Shakespeare, Ibsen e Brecht, tendo trabalhado com encenadores como Luc Bondy e Peter Stein, com quem fundou a companhia teatral Berliner Schaubühne, no início da carreira, na capital alemã, marco da dramaturgia contemporânea.
A biografia publicada pelo LEFFEST destaca a sua interpretação em “A Marquesa d’O”, de Eric Rohmer (1976), “primeiro passo de um trajeto cinematográfico ímpar”, sendo solicitado por realizadores como Wim Wenders (com quem fez “O Amigo Americano”, “As Asas do Desejo” e “Tão Longe, Tão Perto”), Werner Herzog (“Nosferatu”, “O Fantasma da Noite”), Theo Angelopoulos (“A Eternidade e Um Dia”), Francis Ford Coppola (“Uma Segunda Juventude”) ou Jonathan Demme (“O Candidato da Verdade”).
Em agosto, o ator que gostava de contar histórias, e que gravou a poesia de T. S. Eliot e Holderlin, esteve em palco pela última vez, para ser o narrador da ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart, no Festival de Salzburgo, na Áustria.
Dos vários prémios com que foi galardoado, destacam-se o Leopardo de Ouro do festival internacional de Locarno, pelo conjunto da sua carreira, também distinguida pela Academia Europeia de Cinema.
Em 2015, o LEFFEST, em Lisboa, premiou todo o seu percurso.
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