“Bem pode o primeiro-ministro vir carpir mágoas sobre os trabalhadores, como ainda ontem se viu, ao acusar a Galp de falta de consciência social a propósito dos despedimentos. Como se o capital monopolista, como se as grandes empresas, tivessem coração em vez de um cifrão”, sustentou o dirigente comunista, durante um contacto com a população de Odemira, no distrito de Beja.
No entanto, advogou, as declarações de António Costa “não passam de lágrimas de crocodilo”, uma vez que o “despedimento coletivo da Galp, bem como de outros grupos monopolistas, sem qualquer justificação económica, encontram na passividade e cooperação do Governo o estímulo para” que aconteçam.
PS, PSD e CDS-PP, continuou, “nunca acompanharam as iniciativas do PCP para impedir o encerramento da refinaria” e proteger os postos de trabalho.
Por isso, “mais do que palavras, ao primeiro-ministro exige-se ação”.
António Costa defendeu, no domingo, que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa.
“A Galp começou por revelar total insensibilidade social ao escolher o dia 20 de dezembro, a cinco dias do Natal, para anunciar aos seus 1.600 trabalhadores que iria encerrar a refinaria de Matosinhos”, apontou o secretário-geral do PS, durante um comício no município onde estava a laborar a refinaria.
A Galp encerrou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.
A petrolífera justificou a escolha “complexa” com base numa avaliação do contexto europeu e mundial de refinação, assim como nos desafios de sustentabilidade.
O encerramento da refinaria de Matosinhos, em abril, está a representar quebras de 5% do PIB em Matosinhos e de 1% na Área Metropolitana do Porto, de acordo com um estudo socioeconómico a que a Lusa teve acesso.
O estudo, encomendado pela Câmara Municipal de Matosinhos à Universidade do Porto, para avaliar os impactos socioeconómicos do encerramento do complexo petroquímico no concelho, traçou um “cenário particularmente grave” para a região Norte e para o país.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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