Hadi Matar "tentou, conscientemente, fornecer apoio material e recursos" à "organização terrorista Hezbollah", cujo líder havia emitido uma "fatwa" (condenação à morte) contra Rushdie há mais de três décadas, devido à publicação do livro "Os Versos Satânicos".
O americano de origem libanesa, de 26 anos, é também acusado de participar num ato de terrorismo que transcende as fronteiras nacionais e de prestar apoio material a terroristas. Se for considerado culpado, o acusado pode ser condenado à prisão perpétua.
"Alegamos que, ao tentar assassinar Salman Rushdie em Nova Iorque em 2022, Hadi Matar cometeu um ato de terrorismo em nome do Hezbollah, uma organização terrorista designada alinhada com o regime iraniano", declarou o procurador-geral Merrick B. Garland em comunicado.
Rushdie, de 76 anos e nascido na Índia, sobreviveu a uma dúzia de facadas que Matar desferiu enquanto participava, em 12 de agosto de 2022, numa conferência na Chautauqua Institution, no norte do estado de Nova Iorque, perante uma plateia de cerca de mil pessoas.
O escritor contou num livro intitulado "Faca: Meditações na sequência de uma tentativa de homicídio", publicado em maio passado em Portugal, o ataque no qual perdeu um olho e as semanas que passou entre a vida e a morte.
No livro, Rushdie não menciona o nome do agressor, que confessou ter lido apenas duas páginas do livro que motivou a fatwa.
Em mais de três décadas de vigência da fatwa, Rushdie foi vítima de mais de meia dúzia de tentativas frustradas de acabar com a sua vida.
No entanto, o tradutor japonês da sua obra foi assassinado em 1991, assim como cerca de vinte pessoas em violentas manifestações na Índia e no Paquistão.
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