Numa comunicação escrita enviada à Assembleia da República, Francisco Balsemão, patrão do grupo Impresa que detém o Expresso, a SIC e a Visão, entre outros títulos, revelou que a compra de participação no capital da agência de notícias Lusa foi realizada, em 2000, na expectativa de uma privatização que lhe teria sido assegurada por Luís Marques Mendes.
"Subscrevemos 22,35% da Lusa, em dezembro de 2000, pagando €3.205.706. Fizemo-lo”, justificou, “porque o Governo da altura nos afirmou que a Lusa iria ser privatizada, o que poderá ser confirmado pelo então ministro, Dr. Luís Marques Mendes". "Desde então, nada aconteceu e está hoje demonstrado que a Lusa não vai ser privatizada”.
O patrão da Impresa mostra-se insatisfeito com o investimento e com a ausência de retorno: "Nesses 16 anos e 3 meses recebemos apenas €185.329 de dividendos, o que corresponde a 5,8% do capital investido, ou seja, o equivalente a €11.583 por ano, sem descontar a esta verba as muitas horas que o assunto ocupa ao nosso representante no Conselho de Administração e aos próprios Comissão Executiva e Conselho de Administração".
O objetivo de Pinto Balsemão, segundo escreve, é aproveitar a venda anunciada do edifício da Lusa para acertar contas e sair do capital da agência."Esta é, portanto, a boa ocasião para fazermos contas e sairmos". Esta possibilidade foi, porem, contrariada pela presidente do Conselho de Administração da Lusa, Teresa Marques, que informou ter sido decisão da tutela manter a utilização do edifício.
O Estado é o acionista maioritário da Lusa com 50,14%, fazendo parte da estrutura acionista da empresa um conjunto de grupos privados de comunicação social, nomeadamente a Global Media (23,36%), Impresa (22,35%), a antiga agência Notícias de Portugal (2,72%), o Público (1,38%), a RTP (0,03%), o Primeiro de Janeiro (0,01%) e o Diário do Minho (0,01%).
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