“Nós vamos defender que haja assunção plena das responsabilidades por parte de todos os países”, que sejam mobilizados recursos “a favor dos Estados e que sejam aplicados de forma transparente, lá, onde efetivamente são precisos”, afirmou o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, que está representado na cimeira pelo assessor especial Alexandre Rodrigues, que vai ser orador num dos painéis.

A Cimeira do Clima de África começou na segunda-feira e decorre até quarta-feira, em Nairobi.

Gilberto Silva sublinhou que Cabo Verde, enquanto Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (SIDS, na sigla inglesa), é um país que, à semelhança de outros, sofre de fragilidades e com o impacto das mudanças climáticas e poluição.

O governante cabo-verdiano enalteceu as “posições harmonizadas” dos países africanos, referindo que contribuem muito pouco para o aquecimento global, mas que sofrem muito com as suas consequências.

“Por isso, a posição de Cabo Verde vai na linha da posição da maior parte dos países africanos”, defendendo “o aumento do financiamento climático” e simplificação de procedimentos de acesso, a par do alcance da “meta global de não deixar que até final do século haja um aumento de temperatura além de 1,5 graus centígrados”, enumerou.

Gilberto Silva apelou ainda à entrada em funcionamento do índice multidimensional de vulnerabilidades, em preparação pelas Nações Unidas, considerando-o fundamental entre os critérios de acesso aos financiamentos e assistência.

“E que também nós consigamos ultimar e aplicar os princípios acordados em matérias de perdas e danos”, acrescentou.

A Cimeira do Clima de África é organizada pela UA e pelo Governo do Quénia, juntando chefes de Estado e de governos africanos, bem como outros líderes mundiais, num debate centrado nas mudanças climáticas, energias renováveis e desenvolvimento da economia azul — baseada na exploração sustentável do mar.

Para o final da cimeira está prevista a adoção da chamada “Declaração de Nairobi”, um documento que procurará articular uma posição comum africana em diferentes fóruns globais.

Os participantes querem ter uma perspetiva unificada do continente na cimeira do clima COP28, no Dubai, marcada para o final do ano, bem como, este mês, na Assembleia Geral da ONU.

A mesma posição deve ser apresentada junto do G20 (bloco de economias ricas e em desenvolvimento) e perante as instituições financeiras internacionais.

África abriga alguns dos países mais afetados pelas alterações e fenómenos climáticos, sendo os países africanos os que estão entre os menos responsáveis pela crise climática global.