"Há um número grande de munícipes de Braga e do Porto que viajam entre as duas cidades, e aquilo que nós procurámos foi substituir aquilo que é uma falha de mercado. É como isto se define", disse hoje à Lusa Rui Moreira, após ter acordado hoje o serviço com o seu homólogo de Braga, Ricardo Rio.
Assim, a partir de quarta-feira, haverá um serviço prestado com 15 frequências diárias tal como existia até à semana passada, sendo gratuito esta semana, e com recurso a autocarros da própria Câmara do Porto em três viagens, sendo as restantes operadas pela Transdev.
"Amanhã e quinta-feira vamos ter um autocarro propriedade nossa, da Câmara do Porto, que vai sair de Braga para o Porto de manhã, e ao fim do dia fará Porto-Braga e depois Braga-Porto", detalhou à Lusa o presidente da autarquia portuense.
As restantes doze circulações feitas pela Transdev ao longo do dia serão custeadas pela Câmara do Porto, segundo o comunicado da autarquia.
A partir da próxima semana, segundo divulgou a Câmara do Porto, o serviço será contratualizado pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado, já sem a gratuitidade e exatamente nos mesmos moldes como era operado anteriormente, com o mesmo tarifário.
No sábado, a CIM do Cávado denunciou que a AMP decidiu acabar com a ligação de autocarro Braga - Porto pela A3, decisão que, considera, “coloca diretamente em causa” o direito à mobilidade das populações.
Em comunicado, o presidente da CIM do Cávado, e também da câmara de Braga, Ricardo Rio, considerou que a decisão da AMP de acabar com aquele serviço, denominado First Class – Carreira 1108 – Braga–Porto, por considerar que deve ser aquela CIM a assegurá-lo, é “incompreensível e lamentável”.
No domingo, o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues, responsabilizou a CIM do Cávado pelo fim do serviço, alegando que competia à entidade minhota promover a sua continuidade.
"As linhas interregionais que a AMP iria contratualizar estavam definidas nos acordos de 2019, pelo que já seria do conhecimento da CIM do Cávado que esta linha iria terminar. Competia-lhe atempadamente tratar da questão das suas populações", segundo um texto do presidente da AMP.
De acordo com Eduardo Vítor Rodrigues, em causa está o fim das autorizações provisórias dos anteriores operadores de linhas de autocarro na AMP, que caducaram no domingo, já depois da nova rede Unir ter arrancado na sexta-feira, e na qual se incluía o serviço Braga-Porto operado pela Transdev.
"Relativamente a essas questões entre a CIM do Cávado e a Área Metropolitana, é coisa em que não me quero meter. Isto é uma ação combinada entre a Câmara de Braga e a Câmara do Porto. Há muitos médicos que trabalham aqui no Porto, professores universitários, estudantes, há pessoas que vêm para o IPO", justificou hoje Rui Moreira à Lusa.
Assim, "independentemente daquilo que possa ser a solução do problema entre a CIM do Cávado e a Área Metropolitana", os munícipes de Braga e Porto não poderiam continuar "sem um serviço que, para eles, é fundamental", disse o autarca do Porto, após acordar a solução com o seu homólogo de Braga.
Quanto ao arranque da operação da Unir no município do Porto, sobre o qual a autarquia já tinha manifestado reservas, Rui Moreira disse à Lusa que está a decorrer normalmente, com os operadores a respeitarem as regras da autarquia quanto ao acesso aos terminais.
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