Em menos de dois anos, foram criados 10 percursos pedestres, dois por concelho desta área protegida classificada como contrapartida pela construção da barragem de Foz Tua, assim como os projetos que ali estão a ser desenvolvidos.
O parque é a medida mais visível deste processo com testemunhos de que está a contribuir para a dinamização deste território que se estende pelos concelhos de Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Murça e Alijó.
“Na sequência dos percursos que já temos no território, em várias localidades reabriram cafés que estavam fechados, museus que também não tinham dinamismo e que agora estão a ter, nomeadamente lagares de azeite, visitas com provas de vinhos”, garantiu à Lusa o diretor do parque.
Artur Cascarejo falava, em Vila Flor, à margem de outra iniciativa dirigida às escolas, a entrega dos prémios do concurso “Junto à Terra”, que visa envolver os mais novos na dinâmica desta área protegida.
O impacto dos percursos pedestres chega ao parque, segundo o diretor, pelos presidentes de junta, parceiros nestas caminhadas.
Mas o retorno chega também os operadores turísticos, como salientou.
“Neste último ano tivemos operadores de Braga, do porto, de Lisboa, de Espanha, dos Estados Unidos a quererem trabalhar connosco neste área dos percursos, os “feedbacks” são extraordinariamente positivos”, afirmou.
Estes operadores levam grupos ao território que procuram sossego e fazem vários percursos.
“Um pedestrianista mesmo é como o turista de golfe, não gosta de fazer só um campo de golfe, gosta de fazer vários e os turistas dos percursos pedestres tem exatamente o mesmo perfil”, indicou.
Trata-se de turistas, continuou, que gostam de turismo em espaço rural, que é o que existe na região, o mais possível no meio da natureza, e é este tipo de turismo que o parque está a desenvolver com o investimento feito nos percursos pedestres.
Para setembro está prevista a inauguração de mais um percurso pedestre que Artur Cascarejo apresenta como “diferenciador relativamente a todos os restantes, na medida em que tem o seu início no Centro Interpretativo do Vale do Tua, vai pela antiga linha de caminhos-de-ferro que ia até à entrada da barragem até ao túnel das presas”.
“O aspeto diferenciador é que nós recuperamos essa mesma linha e os caminhantes vão fazer o percurso nas travessas linha e vão passar por toda aquela envolvência do que era uma linha de caminho-de-ferro extraordinária do Vale do Tua”, sustentou.
O percurso terá “vários pontos de interesse”, nomeadamente no final da linha um miradouro sobre a barragem e, no regresso, passa pela casa dos cantoneiros, que foi recuperada pela câmara de Carrazeda de Ansiães, e integrada neste projeto com prova de vinhos, doçaria e gastronomia local.
A caminhada atravessa a aldeia de Foz Tua com dois restaurantes onde se come o tradicional peixe do rio pelo percurso que termina no centro interpretativo.
Os diferentes atrativos inserem-se numa “estratégia de fazer com que os percursos não sejam apenas um momento para a prática desportiva e para tratar da saúde, mas que sejam também um momento de apoio ao desenvolvimento local, a reanimar as aldeias ribeirinhas numa lógica de desenvolvimento socioeconómico”, segundo o diretor do parque.
“E nessa perspetiva ter os produtos locais à venda, animar os cafés, a restauração, essa componente da economia local que é absolutamente fundamental”, considerou.
Manter os turistas mais tempo do que um fim de semana no território é a meta do parque que está a preparar novas atividades como “birth watch” (observação de aves) ou a candidatura a reserva “Dark Sky” para observação do céu.
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