Um dia após ter-se tornado o único candidato dos Socialistas Europeus às eleições europeias de 2019, depois de o comissário eslovaco Maros Sefcovic ter abdicado em seu favor, Timmermans, o “número dois” de Jean-Claude Juncker no atual executivo comunitário, deu hoje uma conferência de imprensa no Parlamento Europeu, em Bruxelas, na qual sublinhou a importância do ato eleitoral de maio do próximo ano.
“Penso que vão ser as eleições europeias mais importantes desde a primeira vez que este Parlamento foi eleito por voto direto em 1979. Porque desta vez não se trata apenas de conquistar mais lugares aqui ou ali. Esta batalha vai ser sobre a verdadeira alma da Europa”, começou por dizer na sua intervenção.
Segundo o político holandês, nestas eleições europeias haverá “forças políticas que acreditam verdadeiramente que se deve voltar a uma Europa na qual os Estados decidam tudo sozinhos”, e a única forma de combater essa visão é com um programa consagrado a assuntos que preocupam verdadeiramente as pessoas, como as alterações climáticas, a revolução industrial, os cortes na proteção social, o dinheiro injetado no setor bancário as ameaças colocadas pela Rússia, “cujo Presidente também acredita que uma Europa dividida é do seu interesse”.
“Por isso, a mensagem de uma Europa unida é mais importante do que nunca”, disse, ressalvando que a “batalha” que se avizinha não é apenas entre antieuropeias e europeístas, pois entre aqueles que acreditam na UE, “há diferenças políticas abissais”, já que há uma linha conservadora que pretende por exemplo “manter modelos económicos e sociais antiquados”.
“Creio que muito do desencanto com a Europa, muita da atração pelo nacionalismo é porque muitos dos eleitores pensam que o sistema já não trabalha para eles”, algo que é necessário inverter, apontou.
Segundo Timmermans, há que oferecer aos eleitores um projeto que não se limite a palavras e que demonstre, de forma concreta, que é possível criar sociedades mais justas, e sustentou então que “alguns grandes líderes socialistas já provaram que tal pode ser feito”.
“Olhem para a mudança radical de atmosfera em Espanha, depois de Pedro Sánchez se ter tornado primeiro-ministro. Olhem para a mudança radical de atmosfera em Portugal, quando António Costa tomou as rédeas e mostrou até onde poderia ir”, disse, acrescentando o exemplo do governo socialista sueco de Stefan Lofven.
A terminar, Timmermans disse acreditar convictamente que os Socialistas Europeus vencerão as eleições europeias de maio do próximo ano e, “pela primeira vez em 15 anos, haverá um socialista como líder da Comissão Europeia”, depois dos 10 anos de José Manuel Durão Barroso e de um mandato de Juncker, ambos do Partido Popular Europeu.
Na conferência de imprensa participou também o presidente do Partido Socialista Europeu (PSE), Sergei Stanishev, que, tal como havia feito na véspera, dirigiu um agradecimento particular a António Costa, por ter “coordenado o diálogo” que permitiu aos Socialistas Europeus unirem-se em torno da candidatura de Frans Timmermans à presidência da Comissão Europeia.
A confirmação oficial do candidato comum terá lugar no Congresso do PSE que se realiza entre 6 e 7 de dezembro em Lisboa.
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