O Governo anunciou, a 26 de junho, o prolongamento até sexta-feira do prazo para a renovação de matrículas do 6.º ao 9.º ano e do 11.º ano de escolaridade devido aos constrangimentos no Portal das Matrículas com a plataforma E360.
O anúncio foi feito em comunicado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação, depois de na segunda-feira anterior ter reconhecido à Lusa que a plataforma estava com constrangimentos devido ao “elevado número de acessos” desde sábado, quando abriram as inscrições do 6.º ao 9.º ano e do 11.º ano para o ano letivo 2024/2025.
Os problemas, porém, continuam, como afirma Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), ao Diário de Notícias. “Esta situação provoca muita ansiedade aos pais e é necessário perceber se deve ou não ser alargado o prazo das matrículas”, diz, adiantando ter pedido uma explicação ao Ministério da Educação para aferir quais “os trâmites a seguir para que nenhum aluno fique por matricular”.
De acordo com a presidente da CONFAP, apesar dos esforços do Governo em solucionar os problemas na plataforma, continua a haver pais a ficar acordados durante a noite para inscrever os filhos, sem sucesso. “O que não pode acontecer é que quem quer inscrever um filho tenha de estar noite dentro a tentar. Por vezes a matrícula é iniciada e não fica concluída, havendo perda de informação e alguns pais podem não se aperceber”, sublinha.
“Os constrangimentos têm estado a tentar ser resolvidos muitas vezes com equipas a trabalhar 24 horas por dia. É lamentável que tenhamos estas falhas que prejudicam centenas de milhares de famílias”, disse o ministro da Educação, Fernando Alexandre, esta quarta-feira. Quanto aos prazos, o ministro não quis adiantar se estes serão prolongados.
Segundo o DN, dados os problemas crónicos no ato de inscrição, o anterior executivo adjudicou em fevereiro deste ano "o desenvolvimento de uma nova plataforma às empresas OutSystems e Babel", sendo que "ambas iniciaram os trabalhos em março, altura em que foram detetados problemas com a plataforma".
Os problemas informáticos afetam também o corpo docente e os diretores das escolas, como aponta Arlindo Ferreira, diretor do agrupamento de Escolas Cego do Maio e autor do famoso blogue ArLindo. Este responsável pede um novo alargamento do prazo para inscrições já que, por exemplo, ainda não conseguiu afixar as listas de 1.º ano e pré-escolar porque “não se consegue selecionar os alunos na plataforma”.
“As escolas não receberam qualquer indicação por parte do ME a não ser o pedido de desculpas às famílias e a informação do prolongamento. Esta situação, com muitos alunos a mudar do 6.º ao 7.º ano, causa transtorno. No meu caso, tenho muitos pedidos de mudanças para a minha escola e não consigo colocar os alunos”, critica.
Além das dificuldades em inscrever alunos, a E360 também causa constrangimentos no lançamento de notas nas escolas — e este é só um dos problemas a afetar os sistemas do ministério da Educação. De acordo com o DN, os computadores do ME deixaram de funcionar este sábado. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), diz que os professores "recorreram às redes sociais e aos grupos de professores para saber como poderiam voltar a aceder aos PC’s”, não tendo havido indicações por parte do ME.
“Este fim de semana muitos diretores não conseguiram trabalhar porque os computadores não funcionam, bem como o E360 não funcionavam. Não houve nenhuma diretiva da tutela e foi pelas redes sociais que se descobriu a solução", alerta. Segundo uma publicação do movimento SOS Escola Pública, "trata-se de uma suspensão imposta por decisões judiciais em Portugal e França no serviço OpenDNS, um dos serviços DNS mais utilizados na Internet, serviço de segurança e privacidade instalado nos portáteis do KIT Digital, cedidos a professores e alunos, levou a que estes deixassem de funcionar corretamente, originando um bloqueio no acesso à Internet".
Na mesma nota, o movimento diz que este problema ocorreu numa fase em que "as escolas se encontram em pleno processo de avaliação dos alunos do 1.º ciclo, que terminaram as aulas na última sexta-feira e necessitam desse acesso à Internet para registo da avaliação nos portais de gestão escolar dos agrupamentos”.
As falhas, reporta, fizeram-se sentir "desde o portal das matrículas, ao site de apoio aos professores classificadores de provas e exames nacionais, ao SIGRHE (plataforma de recrutamento docente), e a outras plataformas de registo de dados como o SIGO - Sistema de Gestão da Rede Escolar, imprescindíveis ao encerramento do ano letivo e para a preparação do próximo, às páginas da Direção Geral da Administração Escolar (DGAE) ou da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE)."
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