Em declarações à Rádio Renascença, Gonçalo Amaral, antigo inspetor da Polícia Judiciária, agora aposentado, que teve em mãos o processo do desaparecimento que aconteceu a 3 de maio de 2007, considerou que o retomar das buscas serve para criar um bode expiatório que nada tem a ver com o caso e que já foi de resto avaliado pela polícia portuguesa.
"É um pouco estranho este orçamento e meios no terreno para esta operação. Pergunto porquê? Para isto é preciso ter fundamentos fortes e não são apenas um simples 'ele estava neste local por isso vamos ali procurar'. Porque não na barragem de Santa Clara a Velha, mais acima, onde ele também ia e era assíduo e havia uma comunidade alemã? Há aqui algo que não funciona", sublinhou em declarações à Renascença.
Amaral também estranha as novas informações e as suspeitas sobre Christiane Bruckner e questiona o envolvimento da Alemanha, questionando todo o processo: "Uma pessoa chegou e disse que este alemão, uma vez num festival no sul de Espanha, lhe confidenciou que era responsável pelo desaparecimento de Maddie. Era um indivíduo que vivia em Portugal, que tinha cometido alegadamente o crime em Portugal, a investigação corria em Portugal, então porque é que os ingleses em vez de remeterem para o nosso país remetem para a polícia alemã?”.
Sem dúvidas, Amaral afirma que “é desde essa altura que se constrói um perfil em relação a este indivíduo que está detido até por uma violação que aconteceu lá perto (da Praia da Luz), violação que não existiu! Neste caso de violação de 2005 o exame ginecológico realizado no Hospital de Portimão, na noite em que aconteceu o alegado crime, mostra que não houve violação. O exame tinha relatório escrito à mão e o tradutor disse que era ilegível, não foi tido em conta no processo, mas nem perguntaram aos colegas portugueses. O indivíduo está preso por algo que não existiu. Foram ainda recolhidos na casa da mulher os lençóis, etc... e nada foi encontrado que tivesse vestígios deste alemão."
Por fim, o inspetor aposentado considera que se está a criar um bode expiatório: "Os pais e os amigos não podem ser responsabilizados e é preciso um bode expiatório e está aqui! Ao fim de oito anos é isto. A investigação alemã quer apenas provar que este indivíduo tem algo a ver com este caso. Com tanto dinheiro o que se podia fazer a reconstituição do dia 3 maio 2007, com pais e amigos e testemunhas e isso podia trazer a verdade", conclui Gonçalo Amaral.
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