Numa nota enviada à agência Lusa, Aníbal Cavaco Silva lembra o “homem de grande independência de pensamento, revelada desde logo quando foi ministro das Finanças do I Governo Constitucional liderado por Mário Soares, [e que] nunca se deixou influenciar por pressões de natureza partidária”.
Para o ex-chefe de Estado, Medina Carreira, que foi seu mandatário por Lisboa na campanha para as presidenciais de 2006, “contribuiu pedagogicamente para alertar os portugueses para as restrições e condicionantes graves que Portugal enfrentou no domínio orçamental, no domínio das contas externas, no domínio da poupança e no seu sistema financeiro”.
“Visto por muitos como um pessimista, era sobretudo um homem de uma notável lucidez, cuja visão esclarecida e despolitizada da realidade portuguesa fará certamente muita falta a Portugal”, considera Cavaco Silva.
Na mesma nota, o ex-Presidente refere ainda: “Tinha por ele um enorme apreço pessoal e um grande respeito intelectual. Li com atenção os livros que escreveu sobre fiscalidade e que teve o cuidado de me enviar”.
Henrique Medina Carreira, de 86 anos, morreu na segunda-feira num hospital em Lisboa, onde estava internado há cerca de um mês.
Nascido em Bissau em 14 de janeiro de 1931, Henrique Medina Carreira era nos últimos anos uma das vozes mais acutilantes em relação às opções políticas e em particular à estratégia financeira do país, que governou no I Governo Constitucional.
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