"Não fui notificado. Não tenho informação. Pelos vistos o partido não sabe o meu número de telefone, de e-mail, a minha morada. Seguirei o meu caminho, com os mesmos valores, de humanismo, de solidariedade e de serviço aos mais desprotegidos", disse Abel Baptista à agência Lusa, depois de o Jornal de Notícias avançar com a notícia da sua expulsão, confirmada por fonte oficial do partido.
Abel Baptista defendeu que "o partido tem valores que apregoa, mas não pratica, da democracia cristã e da liberdade" e diz sair "com alguma desilusão", ao fim de mais de 40 anos de militância, em que passou pelas estruturas de juventude, locais, distritais e nacionais e pela Assembleia da República.
Os dirigentes Filipe Lobo D'Ávila e Raúl de Almeida já lamentaram a expulsão de Abel Baptista, que resulta do cumprimento dos estatutos do partido.
"Havia mesmo necessidade? Bem podem dizer que é o cumprimento do Estatutos, mas tenho muita pena que assim seja. Tenho pena que não se possam resolver estas coisas dentro de casa. Os estatutos são escrupulosamente cumpridos (como diz a notícia), mas o meu partido fica mais pobre", escreveu Lobo D'Ávila na rede social Facebook.
Além de Lobo D'Ávila - que encabeçou a lista ao Conselho Nacional alternativa à da líder, Assunção Cristas, no último Congresso -, também o ex-deputado Raúl de Almeida lamentou a saída de Abel Lima Baptista e responsabilizou a presidente do partido.
"Desprendido, e com vida própria fora da política, renunciou aos cargos de que outros dependem em absoluto, para preservar a obediência aos valores que o orientam e que a presidente do partido não terá respeitado", escreveu Raúl Almeida.
Para o antigo deputado por Aveiro, a expulsão de Abel Baptista "é mais um ato a juntar a outros absolutamente lamentáveis da dita jurisdição nacional, um comissariado servil, dependente e ávido de agradar à presidente do partido que o escolheu".
"A responsabilidade é única e exclusivamente da presidente do partido que escolheu estes comissários; todos sabemos que a absoluta dependência dos cargos partidários não pode gerar bons juízes", argumentou, num ‘post' na rede social Facebook.
Os estatutos do CDS-PP estabelecem no seu artigo 6.º que são deveres dos membros: "Não se candidatar, em circunstância alguma, em listas de outras forças partidárias ou em listas de independentes contra listas do Partido, sob pena de aplicação de sanção disciplinar de expulsão".
Nas eleições autárquicas de 01 de outubro de 2017, o CDS-PP manteve a liderança na Câmara Municipal de Ponte de Lima, com 52,11% dos votos, garantindo cinco dos sete lugares do executivo municipal.
O movimento independente, apoiado pelo PS, e liderado por Abel Baptista, Ponte de Lima Minha Terra (PLMT), conseguiu 23,66% dos votos.
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