Imagens divulgadas pela SIC Notícias mostram centenas de pessoas concentradas pacificamente no Campo 24 de Agosto, no Porto.

“Juntámos aqui um grupo significativo de pessoas, inclusive muitas pessoas imigrantes, o que nem sempre acontece. É um sinal de que se sentem protegidos connosco”, disse à agência Lusa Joana Cabral, do SOS Racismo.

Segundo a ativista, estavam de forma pacífica no local “entre 100 a 200 pessoas”, que chegaram a entoar a canção do 25 de Abril “Grândola Vila Morena”.

O local onde decorreu a manifestação foi escolhido por ser a “zona onde ocorreram os atos de violência” contra os imigrantes, explicou.

Segundo Joana Cabral outras associações de defesa dos imigrantes juntaram-se ao SOS Racismo numa ação que pretende “defender os direitos das pessoas imigrantes que, infelizmente, neste momento não têm outra forma de ver os seus direitos defendidos”.

A ativista disse ainda não aceitar “que se instrumentalize uma ideia de associação entre a criminalidade e a imigração” e que se use “esse pretexto para legitimar milícias populares”.

Referindo-se aos atos de violência cometidos contra os imigrantes, defendeu que “são para investigar pela polícia e pela justiça”.

A agência Lusa contactou com o Comando Metropolitano do Porto da PSP que disse não ter, até às 23:20, “relatos de situações anormais” naquela manifestação.

“Nos últimos dias, um grupo organizado de pessoas constituiu uma milícia para invadir casas e atacar imigrantes na cidade do Porto. Com recurso a bastões, paus e facas, este grupo espancou vários imigrantes, dentro das suas casas. Os ataques foram planeados e devidamente organizados, para espalhar o terror e atacar o maior número de imigrantes. As habitações foram destruídas e várias pessoas tiveram de receber tratamento hospitalar”, lê-se na nota de imprensa divulgada pela SOS Racismo.

Na madrugada de sexta-feira no Porto, a PSP foi alertada cerca da 01:00 para uma agressão no Campo 24 de agosto, a dois imigrantes, por um grupo de quatro ou cinco homens que fugiu antes da chegada dos agentes da Polícia, referiu o porta-voz, indicando que os dois agredidos foram assistidos no Hospital São João.

Cerca de 10 minutos mais tarde, na Rua do Bonfim, 10 imigrantes foram atacados, na habitação onde estavam, por um grupo de 10 homens, munidos com paus e, a PSP ainda não conseguiu confirmar, por uma arma de fogo, referiu o porta-voz da PSP.

Ainda segundo o responsável da PSP, cerca das 03:00, na Rua Fernandes Tomás, outro imigrante foi também agredido, por outros suspeitos, sendo que um deles usava uma arma de fogo.

Nesta altura, com o contingente de polícias reforçado foi possível intercetar um dos suspeitos de agressão na Rua Santo Ildefonso, na posse de um bastão extensível, relatou.

Cerca das 05:00, foi intercetada a viatura usada no ataque da 01:00, com cinco suspeitos no interior e que foram todos identificados, acrescentou.

Dada a suspeita de existência de crime de ódio, o assunto transitou para a Polícia Judiciária, concluiu.