Em declarações aos jornalistas, o administrador do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Carlos Martins, manifestou-se surpreendido com a decisão e disse que considera que “a capacidade de resposta e excelência” continua “intocável”, apesar de os hospitais Santa Maria e Pulido Valente terem perdido capacidade de formar novos internos em 2019 nas áreas de pneumologia, otorrinolaringologia e imunoalergologia.
Carlos Martins estranha a perda de capacidade formativa na área de pneumologia decidida pela Ordem dos Médicos, considerando que não é correto fazê-lo estando o serviço ainda sob uma avaliação que não foi concluída.
“Penso que não é correto enquanto os processos não terminam”, afirmou aos jornalistas, à margem da Convenção Nacional de Saúde, que hoje começou em Lisboa.
Aliás, Carlos Martins diz que os serviços de pneumologia estavam a fazer adaptações em resposta a algumas questões detetadas pela Ordem e adianta que já no dia 18 iria decorrer uma auditoria.
Por isso, admite ter ficado surpreso com esta decisão da Ordem dos Médico de retirar vagas à pneumologia do CHLN para formar internos no próximo ano.
Da mesma forma, lembra que ficou surpreendido por ter sabido através da comunicação social da perda de capacidade formativa na área de otorrinolaringologia, uma decisão que foi tornada pública através dos jornais há cerca de um mês, ainda antes da divulgação dos mapas de capacidades formativas, publicados esta quarta-feira.
O Centro Hospitalar Lisboa Norte perdeu a capacidade formativa em pneumologia para 2019, segundo o mapa de vagas de acesso à especialidade, uma situação inédita naquele centro, como confirmou à agência Lusa a Ordem dos Médicos.
Segundo o bastonário Miguel Guimarães, o serviço de pneumologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), que integra o Pulido Valente e o Santa Maria, está a ser avaliado, na sequência de denúncias relativas a situações irregulares, como o caso de internos que estariam a fazer urgência sozinhos, sem tutela de um especialista.
Esta situação, que está a ser avaliada pela Ordem, levou a que não fossem abertas vagas para pneumologia no CHLN, confirmou à Lusa Miguel Guimarães.
Segundo o mapa de capacidades formativas publicado na quarta-feira, o CHLN deixou de ter vagas também em imunoalergologia e em otorrinolaringologia. No caso da otorrino, já tinha sido tornado público que este Centro Hospitalar não iria formar internos em 2019, também na sequência de um processo em curso na Ordem dos Médicos.
O pneumologista Filipe Froes lembra que o CHLN era a “maior escola de pneumologia de Portugal”, sendo responsável pela formação da maioria dos pneumologistas do sul do país.
“É um dos dias mais tristes da minha carreira e um dia de uma enorme vergonha”, afirmou à Lusa o pneumologista do hospital Pulido Valente.
Filipe Froes recordou que a pneumologia do CHLN formou diversos profissionais que permitiram abrir muitos outros serviços no país, como no IPO de Lisboa, no hospital de Faro ou em Setúbal.
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