“Quero deixar isto muito claro: estamos a falar de relações económicas e comerciais com o Irão, que são parte integrante do acordo nuclear”, frisou a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
Federica Mogherini, que falava numa conferência de imprensa em Wellington, onde se deslocou no âmbito das negociações para um acordo de comércio livre entre o bloco comunitário e a Nova Zelândia, destacou que as transações comerciais que a UE mantém com o Irão são “muito pequenas” relativamente àquelas que tem com o resto do Mundo.
“No entanto, para os iranianos, obterem uma vantagem económica a troco de terem cumprido todos os compromissos nucleares é um aspeto fundamental. O acordo tem duas partes: o Irão renuncia ao seu programa nuclear e a comunidade internacional estabelece relações económicas e comerciais com o Irão”, recordou.
Para a chefe da diplomacia europeia, há que manter o segundo pilar do acordo para que o primeiro não seja revertido.
“Se temos um acordo internacional de não produção nuclear que é cumprido, há que preservá-lo”, reiterou.
As declarações de Federica Mogherini acontecem no dia em que entrou em vigor uma nova legislação para proteger as empresas europeias no Irão, de modo a menorizar o efeito da reintrodução de sanções dos Estados Unidos contra o país.
O Governo norte-americano restabeleceu hoje severas sanções económicas contra o Irão e contra todas as empresas que tenham negócios no país, após Donald Trump ter anunciado, em 08 de maio, que os Estados Unidos abandonavam o acordo nuclear assinado em 2015 entre o país asiático e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido — e a Alemanha).
A primeira vaga de sanções de Washington a Teerão, que entraram em vigor às 05:00 de Lisboa, visa as transações financeiras e as importações de matérias primas, incluindo ainda medidas contra compras no setor automóvel e aviação comercial.
Em novembro, uma segunda série de medidas afetará o setor do petróleo e do gás, vital para o Irão, assim como o Banco Central.
À exceção de Washington, os restantes países continuam comprometidos com o protocolo, que previa o congelamento do programa nuclear iraniano até 2025 em troca do levantamento de sanções económicas.
Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão se dote da bomba atómica.
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