Em comunicado, o partido liderado por André Ventura anunciou que pretende entregar na próxima quarta-feira, no Palácio de Belém, um “protesto formal” a Marcelo Rebelo de Sousa “pela sua atuação lamentável face aos eventos ocorridos nas últimas semanas, bem como pela sua lastimável parcialidade”.
André Ventura espera ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa e acrescenta que este “protesto formal” também “dará entrada na Assembleia da República”, “pelo que deu já nota formal deste comunicado à Casa Civil da Presidência da República”.
No texto, o Chega alega que não foi feita “qualquer visita aos polícias envolvidos ou às vítimas da violência perpetradas por estes grupos”, depois de na sexta-feira a Presidência da República ter divulgado uma nota na qual dava conta que Marcelo Rebelo de Sousa esteve no Bairro do Zambujal, na Amadora, onde visitou a esquadra da PSP e conversou com familiares de Odair Moniz.
Esta visita, que não constava da agenda do chefe de Estado transmitida à comunicação social, foi divulgada posteriormente.
“Tal como tinha anunciado, o Presidente da República iniciou hoje [sexta-feira] visitas informais na zona de Grande Lisboa, tendo estado na Amadora, juntamente com o presidente da Câmara Municipal, no bairro do Zambujal, onde visitou a esquadra da PSP, e conversou com diversos moradores daquele bairro, incluindo familiares de Odair Moniz”, lê-se na nota.
De acordo com a Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa também jantou na Amadora, “onde visitou o quartel dos bombeiros” e posteriormente visitou o Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro e morreu pouco depois, no hospital.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Nessa semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.
O procurador-geral da República pediu celeridade na investigação à morte do cidadão e rapidez nas perícias da Polícia Judiciária e do Instituto Nacional de Medicina Legal.
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