Os chimpanzés são frequentemente considerados os primatas mais próximos dos humanos, graças à sua capacidade de realizar tarefas complicadas, como utilizar ferramentas.
Edwin van Leeuwen, um especialista em comportamento animal na Universidade da Antuérpia, na Bélgica, estudou dezenas de chimpanzés do orfanato Chimfunshi, na Zâmbia. Em particular, observou gestos manuais muito específicos e repetidos em dois grupos diferentes.
O gesto que os animais usam, por exemplo, ao tirar piolhos uns aos outros, é diferente entre os participantes desses grupos: alguns estendem um dos braços sobre a cabeça e tocam no pulso ou na mão do companheiro, alguns chegando mesmo a agarrar a mão, segundo estudo publicado na revista Royal Society Biology Letters.
Van Leeuwen notou que o aperto de mão foi "visivelmente mais pronunciado" num grupo de chimpanzés do que no outro, tendo também descoberto que as fêmeas são mais suscetíveis a segurar a mão do que os machos, que preferem segurar o pulso — sem dúvida para afirmar o seu domínio.
"O facto de terem desenvolvido hábitos diferentes em grupos diferentes mostra que os animais adquirem esses hábitos socialmente no seu grupo", explicou Leeuwen à AFP.
Segundo o investigador, os chimpanzés parecem ter aprendido a praticar "até certo ponto" estes apertos de mão como uma espécie de ritual. "Estão integrados na interação social de dois indivíduos, estabelecendo uma conexão particular numa atividade já íntima", como o despiolhamento.
Para Van Leeuwen, esta é a prova da capacidade dos chimpanzés de preservar "uma estabilidade de tradições". Um comportamento que nos humanos é chamado de persistência cultural.
Além disso, este comportamento não pode ser explicado por razões genéticas ou ambientais, uma vez que a composição dos dois grupos era quase idêntica. Em vez disso, o investigador considera que se trata do resultado de "uma característica comum da aprendizagem social".
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