“Era importante que o Governo pusesse a proteção das florestas à frente deste tipo de transição energética, que, na verdade, não está a ser feita de forma sustentável”, afirmou à agência Lusa Patrícia Herdeira, da organização do protesto.
Promovido por um grupo denominado “Vamos salvar os sobreiros” e por associações ambientalistas, a manifestação começou com uma concentração na praia de Morgavel, seguindo-se uma caminhada até ao montado, junto à barragem com o mesmo nome.
Patrícia Herdeira, que também faz parte do Movimento pelas Águas e Serras, realçou que “os sobreiros são árvores protegidas” por lei, assinalando que apenas podem ser abatidas “em caso de morte ou de doença e com a devida licença”.
“Agora, querem abater mais de 1.800 sobreiros, numa zona com um ecossistema que é muito importante para a região e que tem um dos únicos dois ninhos de águia-pesqueira, que é uma espécie em estado crítico de extinção”, lamentou.
A ativista ambiental advertiu que “não são só estes sobreiros” que podem vir a ser abatidos para o projeto do novo parque eólico avançar, mas também “muito outras árvores e toda a vida envolvente”.
“Com tanto território desertificado e que, por exemplo, tem monoculturas de eucaliptos, era importante haver uma revisão deste projeto para poupar estas florestas autóctones, que são importantes para o combate à desertificação e à seca”, sublinhou.
Insistindo na necessidade de o projeto ser revisto, Patrícia Herdeira referiu que haverá no país território onde a construção do parque, “de certeza, não terá de implicar o abate, principalmente, de sobreiros”.
O projeto “devia ser um ato ilegal, mas vai avançar por ser considerado de extrema utilidade pública e, com este pretexto, conseguem avançar”, considerou, atribuindo responsabilidades ao Governo e às câmaras municipais.
O ministro do Ambiente declarou a “imprescindível utilidade pública” do Parque Eólico de Morgavel, que a EDP Renováveis quer construir em Sines, autorizando o abate de 1.821 sobreiros, segundo um despacho já publicado em Diário da República.
No despacho, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, considera que estão reunidas as condições necessárias, como a conformidade ambiental do projeto, as autorizações de abate/corte de sobreiros pelos proprietários e que a Parque Eólico de Moncorvo, da EDP Renováveis, apresentou um projeto de medidas compensatórias por arborização de povoamento misto de sobreiros e medronheiros numa área de 50,07 hectares.
Em fevereiro, a Autoridade da Concorrência (AdC) autorizou a EDP Renováveis a comprar a Parque Eólico de Moncorvo, que atualmente se dedica a conceber e implementar o Parque Eólico de Morgavel, no concelho de Sines.
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