Em comunicado, o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) adianta que a descoberta, aceite para publicação na revista Astronomy & Astrophysics, ocorreu há cerca de dois mil anos "no exame globular de estrelas M22 (Messier 22)”, situado a 9.785 anos-luz da constelação de Sagitário.
A investigação, que descobriu um "remanescente de Nova" - uma explosão de hidrogénio que ocorre na superfície de uma estrela e que faz aumentar o seu brilho -, vem ao encontro dos registos de observações "efetuadas por astrónomos chineses no ano 48 a.C.".
"Esta descoberta (…) confirma uma das mais antigas observações que chegou aos dias de hoje, efetuada por astrónomos chineses em 48 a.C.”, assegura o instituto.
O IA refere que o enxame (aglomerados esféricos compostos por centenas de milhares de estrelas que orbitam fora da galáxia) foi observado pelo MUSE, um espetrógrafo que obtém um "espetro total de cada pixel do céu" e permite medir o brilho das estrelas em função da sua cor.
"O remanescente de Nova descoberto no enxame M22 (um dos 150 enxames globulares que orbita a Via Láctea) é uma nebulosa avermelhada de hidrogénio e outros gases, com um diâmetro de 8.000 unidades astronómicas. Mas apesar do tamanho, a nebulosa tem uma massa de apenas 30 vezes a da Terra", aponta o instituto.
Citado no comunicado, Jarle Brinchman, investigador do IA e da Universidade do Porto, salienta que, tendo em conta que "a maioria dos eventos astronómicos têm durações demasiado longas", é "excitante ter conseguido usar o inovador instrumento MUSE para encontrar os restos da explosão de uma estrela, da qual há registos históricos".
Por sua vez, Fabian Göttgens, o primeiro autor do artigo, afirma que os instrumentos utilizados na investigação permitem confirmar "uma das mais antigas observações" que ocorreu fora do nosso Sistema Solar.
“Esta observação permitiu-nos trazer escalas de tempo astronómicas para uma escala humana", avança.
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