Segundo comunicado divulgado pela SPEA, "embora em Portugal ainda seja uma ave comum, a codorniz poderá brevemente deixar de o ser, se não forem implementadas medidas para travar o desaparecimento da diversidade natural dos nossos campos".
Na última década, em Portugal, a área de distribuição da codorniz diminuiu 30%, como resultado de alterações nas práticas agrícolas, da pressão da caça, a contaminação genética, com a introdução de outras espécies no país, e as alterações climáticas.
"A expansão das monoculturas, o desaparecimento dos pousios, e a eliminação das sebes e margens dos campos deixam cada vez menos habitat disponível para esta e outras aves típicas de zonas agrícolas. Esta ave alimenta-se de sementes, grãos de cereais e pequenos invertebrados, pelo que tem sofrido também com o aumento do uso de herbicidas e inseticidas", pode ler-se.
"A população ibérica de codorniz é a mais importante da Europa Ocidental. Mas se não se fizer nada para valorizar a agricultura extensiva de sequeiro, vai seguir o caminho de outras espécies ameaçadas como o sisão e a águia-caçadeira", diz Domingos Leitão, Diretor Executivo da SPEA.
"A política agrícola tem de compensar quem pratica uma agricultura responsável e sustentável, contribuindo para a preservação dos valores naturais. Senão, daqui por uns anos poderá ser difícil ver codornizes nos nossos campos, não por serem mestres da camuflagem, mas por estarem a desaparecer”, diz Domingos Leitão.
Em Espanha a espécie está já em declínio evidente: o número de codornizes diminuiu 70% nos últimos 20 anos. Em Portugal, não há mais de 100 mil indivíduos desta espécie.
A votação para Ave do Ano 2020 decorreu online este mês, promovida pela SPEA e pela SEO/BirdLife. A codorniz-comum foi eleita com 7 930 votos, à frente do tartaranhão-caçador (ou águia-caçadeira), que teve 6 130 votos e do picanço-real (5 156 votos).
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