Em declarações à Lusa, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Odivelas explicou que, neste caso, não existiu qualquer processo de promoção e proteção a favor das três crianças.
“Face aos acontecimentos, foi aplicado procedimento de urgência por esta comissão, tendo os processos sido remetidos ao Ministério Público, seguindo os tramites legais”, disse à Lusa a presidente daquele organismo, Cláudia Tinoca.
Segundo fonte do Centro Ismaili de Lisboa, os três filhos menores de Abdul Bashir estão provisoriamente numa instituição, mantendo o contacto com a comunidade assim como as suas rotinas escolares.
“As crianças estiveram ontem [terça-feira] a ser acompanhadas no Centro Ismaili por pessoas que as conhecem, por uma equipa de psicólogos e pela segurança social. A comunidade ofereceu-se para os acolher em famílias”, avança o Centro Ismaili, onde o afegão matou duas funcionárias.
Segundo o centro, “a opção provisória para já foi colocá-las numa instituição onde continuam em contacto com a comunidade e a frequentar o centro mantendo rotinas escolares. A decisão definitiva será tomada mais tarde”, acrescentou o Centro Ismaili.
A Lusa contactou também o Ministério da Educação que explicou que, neste caso concreto, não irá divulgar quaisquer informações sobre as crianças de 3, 6 e 9 anos, por considerar que se sobrepõe o direito à privacidade dos menores.
Neste tipo de casos, tendo em conta que o pai das crianças está internado no hospital e a mãe já morreu, é aplicada uma medida cautelar provisória enquanto se procede à avaliação da situação, sendo o tribunal a decidir qual a medida a aplicar, explicou à Lusa a procuradora do Ministério Público Maria Oliveira Mendes.
As medidas de acolhimento familiar e acolhimento residencial são tuteladas pela Segurança Social, sendo que os serviços tentam sempre que os irmãos fiquem juntos, acrescentou a procuradora.
A família de Abdul Bashir chegou a Portugal vinda da Grécia no final de 2021 com os três filhos, viviam em Odivelas e recebiam apoio e formação no Centro Ismaili, que ajuda a comunidade de refugiados em Portugal.
As vítimas mortais do crime perpetrado por Abdul Bashir são duas mulheres, de 24 e 49 anos, que trabalham no Centro Ismaili, precisamente nos serviços de apoio aos refugiados.
De acordo com o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), não há indícios de que o ataque se ter tratado de um ato terrorista, admitindo ter resultado de “um surto psicótico do agressor”.
O agressor, hospitalizado após ser baleado pela polícia, não deverá ter alta antes de um período de 10 dias e só então haverá condições para ser submetido a interrogatório pelo juiz de instrução, acrescentou ainda o diretor nacional da PJ.
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