Luís Vilela queria alterar o artigo 15 dos estatutos para substituir a eleição dos delegados ao congresso do partido pela “indicação” por parte da Direção Nacional, ficando para concelhias e distritais 10% dessas designações.
Esta proposta gerou polémica e dividiu mesmo os delegados, acabando chumbada com 257 votos contra, 97 abstenções e apenas 46 votos a favor. André Ventura e a Direção Nacional anunciaram que não iriam votar a recomendação.
Para justificar a proposta, Luis Vilela alegou que há militantes suspensos que continuam a questionar o partido e os seus dirigentes.
“É muito triste haver militantes que já foram suspensos e nesse período, nas redes sociais através de perfis falsos, continuarem a denegrir o partido e os seus dirigentes e integrarem agora a listra de delegados. É simplesmente lamentável”, começou por dizer António Luís Vilela.
O responsável pelo Chega em Vila do Conde alegou que “um partido que se candidata a governar Portugal não pode continuar em lutas internas com o único objetivo de vingança pessoal”.
“Isto leva-me a apresentar uma recomendação, que seria uma moção, que visa alterar o artigo 15, onde os delegados a congresso forem indicados, e não eleitos, indicados pela concelhia e distritais” e, neste sentido, “devem as concelhias indicar um número proporcional à convocatória do congresso”.
Os militantes reagiram, contestando de imediato a proposta e pedindo “democracia” e “liberdade”. Alguns, como João Leitão, lembrou que “quanto maior a participação dos militantes maior é a democracia e mais o partido cresce”.
Entre as intervenções, um militante pediu a palavra para dizer que concordava “com o que o camarada anterior disse”, mas a expressão provocou uma onda de protesto na sala que vaiou a palavra “camarada”.
“Fui e sou paraquedista e é assim que falo, e se entenderem a palavra de outra forma, o problema não é meu”, justificou o militante o que acabou por acalmar a sala da Expocenter, em Viseu, onde decorre o IV congresso do Chega.
João Leitão voltou a intervir para classificar como “uma vergonha a recomendação ser apresentada por um militante que tem” na concelhia de que é responsável, Vila do Conde, “os amigos”, levando Luís Vilela a subir ao púlpito para “defender a honra”.
“Quem não deve não teme, e olhos nos olhos estou aqui e não conheço esse senhor Leitão”, reagiu Luís Vilela, ouvindo da sala que sim, “conhece sim senhor”. A sala agitou-se com trocas de palavras e a Luís Vilela acabou por ser retirada a palavra.
Entre os votos a favor, uma militante argumentou que é “a favor da democracia”, mas quer sair do congresso “com a certeza de que quem não é eleito, deixe de fazer a vida negra a quem foi eleito democraticamente”.
A recomendação foi a votos, para ver se deveria ser enviada à direção do partido, que não votou, assim como o presidente André Ventura, e acabou por ser chumbada com 257 votos contra a recomendação, 97 abstenções e 46 votos a favor do documento.
A discussão encerrou a manhã de trabalho que também aprovou os novos estatutos do partido onde confere ao presidente, André Ventura, o poder de “indicar os candidatos em qualquer ato eleitoral” em que o partido participe, além de poder dissolver os órgãos nacionais.
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