"Eu hoje não estaria em condições de escrever um livro de memórias. Continuo a pensar que meu futuro, seja como secretário-geral seja como membro do comité central ou como militante, é ainda a olhar para frente. Continuo com mais projeto do que memória", afirmou Jerónimo de Sousa numa entrevista à Lusa, questionado sobre os 16 anos de liderança, desde que sucedeu a Carlos Carvalhas, em 2004.
Aos 73 anos, o líder dos comunistas afirma, com um sorriso, que, apesar das leis da vida, se tem "aguentado muito bem", mas remete a decisão quanto à escolha do secretário-geral para o comité central a eleger no XXI congresso nacional, em 27, 28 e 29 de novembro, em Loures, distrito de Lisboa.
Jerónimo não revelou o que pensa, pessoalmente, e realçou que "a vontade maior deve ser do próprio partido" quanto à escolha do secretário-geral.
Com um sorriso, comentou ser "curioso" que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem "praticamente" a sua idade [71 anos], e prepara-se para eventual candidatura para mais cinco anos.
"E ninguém questiona a questão da sua idade. E bem", disse.
A primeira vez que admitiu não se recandidatar à liderança, porque "é da lei da vida", foi numa entrevista à Lusa em março de 2019, embora frisando não ir "calçar as pantufas", mas em setembro aconselhou "uma tripla" sobre o seu futuro, "sair, ficar ou ficar mais um bocadinho".
Passados 16 anos, destacou o facto de o partido ter escolhido um "operário metalúrgico" para líder recordou, também, quando teve de enfrentar o preconceito, devido à sua "origem social", depois de ser eleito, em 1975, para a Assembleia Constituinte.
E emocionou-se ao recordar palavras de pessoas na rua quando lhe dão palavras de incentivo, apesar de admitirem "não sou do seu partido" ou até quem lhe diga: "Deus o guarde."
O XXI congresso nacional do PCP realiza-se em 27, 28 e 29 de novembro de 2020 no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, distrito de Lisboa, sob o lema "Organizar, Lutar, Avançar - Democracia e Socialismo".
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