Segundo um comunicado divulgado hoje pelo Governo, o cortejo fúnebre passará segunda-feira pela residência de Mário Soares, no Campo Grande, em Lisboa, pelas 11:00. Depois, seguirá para a câmara municipal de Lisboa, onde chegará pelas 11:30.
A partir da câmara, o cortejo segue em armão (uma espécie de charrete) com escolta a cavalo da Guarda Nacional Republicana até ao Mosteiro dos Jerónimos, onde chegará pelas 13:00.
O corpo estará em câmara ardente na Sala dos Azulejos do Mosteiro dos Jerónimos entre as 13:00 e a meia-noite de segunda-feira e na terça-feira até ao final da manhã, entre as 08:00 e as 11:00, estando o local aberto a todos os cidadãos.
Antes da saída para o Cemitério dos Prazeres, haverá uma sessão de homenagem a Mário Soares, no Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, a partir das 13:00.
Nessa cerimónia estão previstas breves intervenções do Presidente da República e do presidente da Assembleia da República, bem como, provavelmente, da família. Deverá também ser transmitida uma mensagem do primeiro-ministro, António Costa, que se encontra numa visita de Estado à Índia até quinta-feira.
Ao longo do cortejo, realizar-se-ão breves paragens em frente ao Palácio de Belém, à Assembleia da República, Fundação Mário Soares e à sede do Partido Socialista, no largo do Rato.
O funeral, precedido de honras fúnebres, terá lugar a partir das 15:30 no cemitério dos Prazeres, onde está também sepultada a mulher, Maria de Jesus Barroso.
"O governo apela a todos os cidadãos que participem nas cerimónias fúnebres de Estado, prestando homenagem a Mário Soares, grande figura da história portuguesa contemporânea, fundador do nosso regime democrático e símbolo da liberdade", lê-se no comunicado do Governo sobre as cerimónias fúnebres de Estado do antigo Presidente da República Mário Soares.
De acordo com fonte governamental, será a primeira vez que há um funeral de Estado desde 25 de Abril - que implica, entre outras coisas, a participação dos vários ramos das Forças da Armada e um cortejo, motorizado e a cavalo, ao corpo.
Na quarta-feira, a Assembleia da República realiza, a partir das 15:00, uma sessão evocativa da vida do antigo Presidente da República, ato decidido por unanimidade em conferência de líderes parlamentares. Além disso, foram cancelados os trabalhos parlamentares marcados para terça e quarta-feira de manhã, para que os deputados possam participar nas cerimónias fúnebres.
Após ser conhecida a notícia da morte do antigo Presidente, às 15:40, através da agência Lusa, sucederam-se as reações, em Lisboa e no estrangeiro.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou Mário Soares, acima de tudo, como um "lutador da liberdade", e defendeu que Portugal tem o dever de combater pela "imortalidade do seu legado".
Na Índia, onde vai continuar em visita, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou os três dias de luto nacional e lembrou o fundador do PS como o rosto e a voz da liberdade portuguesa.
Ferro Rodrigues, outro socialista, que é presidente da Assembleia da República, disse ser hoje “um dia triste”. “Morreu o militante número um da democracia portuguesa. Várias gerações tiveram Mário Soares como um herói”, disse.
À esquerda, o PCP, contra quem Soares lutou durante os anos da Revolução dos Cravos, recordou o "passado de antifascista" de Mário Soares e evocou as "profundas e conhecidas divergências", designadamente “pelo seu papel destacado no combate ao rumo emancipador da Revolução de Abril e às suas conquistas, incluindo a soberania nacional".
Ainda à esquerda, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, saudou a memória de Soares, "um dos maiores protagonistas da política portuguesa", que "marcou o século XX", e que, nas lutas que escolheu, esteve em aliança ou confronto com forças à esquerda.
À direita, PSD e CDS-PP também evocaram a memória do fundador do Partido Socialista e antigo Presidente da República.
Pedro Passos Coelho, líder do PSD, disse que este foi “um dia triste”, o da morte de Soares, que classificou como "um grande democrata" e "um político polémico".
"Como um grande democrata que foi, o dr. Mário Soares foi também um político polémico, que combateu pelas suas ideias, há de ter feito muitos amigos, terá tido também, com certeza, muitos adversários ao longo de todos estes anos", disse.
Mais à direita, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, lamentou a morte do antigo Presidente, destacando o seu “papel único na definição do Portugal Democrático Europeu”.
Ex-adversários, como Freitas do Amaral, fundador do CDS e candidato derrotado por Soares nas presidenciais de 1986, mas de quem se tornou amigo, recordou o líder histórico do PS como “o ‘Patriarca da Democracia’”.
Já Cavaco Silva, que derrotou Soares nas presidenciais de 2006, tinha ele 82 anos, admitiu as divergências, mas qualificou o seu antigo adversário como uma das personalidades mais marcantes do século XX português, sublinhando a sua faceta de "verdadeiro animal político".
Além-fronteiras, as palavras de consternação vieram primeiro de Espanha, mas também de França, de Angola, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, de Moçambique, do Brasil e da Índia.
Mário Soares, que morreu este sábado aos 92 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Primeiro-Ministro e Presidente da República.
[artigo atualizado às 23:53]
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