“Ao longo dos últimos cinco anos, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, serviu de uma forma exemplar as Nações Unidas, a sua Carta, os seus valores. Encheu seguramente Portugal de orgulho, mas, sobretudo, devolveu força a valores fundamentais que o Humanismo que inspirou a Carta das Nações Unidas precisa de ver devidamente promovidos e defendidos”, afirmou António Costa, ao formalizar hoje em Lisboa a proposta do nome do ex-primeiro-ministro português para um segundo mandato na liderança da ONU.

Numa breve cerimónia na residência oficial, em São Bento, António Costa assinou a carta a formalizar a proposta do executivo português, documento endereçado ao presidente da Assembleia-Geral da ONU, o diplomata turco Volkan Bozkir, e à presidência do Conselho de Segurança, este mês assegurada pelo Reino Unido.

“Foram cinco anos particularmente difíceis onde no mundo se travou um grande debate entre o regresso ao nacionalismo, ao isolamento ou a defesa do multilateralismo”, prosseguiu o chefe do Governo português, enumerando ainda outros grandes desafios da atualidade, como a pandemia da doença covid-19, o combate às alterações climáticas, a proteção dos oceanos e a promoção da paz e dos direitos humanos à escala global.

“Contudo, a liderança firme de António Guterres permitiu que passados estes cinco anos haja um novo espírito e uma nova vontade de reforçar as instâncias multilaterais”, afirmou António Costa, especificando que durante o último ano o mundo, confrontado com uma “dolorosa experiência”, teve a perceção que “os grandes desafios globais exigem sempre respostas globais”.

“Cada vez mais são fundamentais as organizações multilaterais, aquelas que permitem a junção de esforços entre todos para a promoção do bem e das causas comuns”, defendeu António Costa, realçando o “papel central e indispensável” que as Nações Unidas desempenham neste sistema de organizações multilaterais.

Ainda na declaração feita aos jornalistas, sem direito a perguntas, o primeiro-ministro português manifestou “muita confiança” na avaliação que os Estados-membros da ONU farão do atual mandato de Guterres e das qualidades deste para o desempenho de um novo mandato.

“Creio (…) que este é o momento de esperança para o conjunto da Humanidade poder contar com a liderança de António Guterres à frente das Nações Unidas. (…) Para Portugal é seguramente um orgulho poder continuar a contar com um dos seus numa função tão distinta à escala global”, concluiu António Costa.

Na carta hoje assinada, Portugal lembra ainda que Guterres lançou um processo de reforma para tornar a organização “mais ágil e eficiente no cumprimento dos objetivos” e promoveu a igualdade de género, um aspeto que “tem constituído um pilar” no seu atual mandato.

Aclamado pelos 193 Estados-membros da Assembleia-Geral da ONU para o cargo de secretário-geral em 13 de outubro de 2016, António Guterres anunciou, em janeiro último, a sua disponibilidade para cumprir um segundo mandato de cinco anos no período de 2022-2026.

As Nações Unidas deram início este mês ao processo formal de seleção do próximo secretário-geral da organização, ao pedirem aos 193 Estados-membros que submetessem os nomes de candidatos ao cargo.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, já endossou António Guterres para um segundo mandato.

A Alemanha também já tornou público o seu apoio ao atual secretário-geral da ONU.

Em 75 anos de vida das Nações Unidas, apenas o egípcio Boutros Boutros-Ghali (secretário-geral da ONU entre janeiro de 1992 e dezembro de 1996) não foi reconduzido no cargo.

Marcelo falou com Guterres e transmitiu-lhe "caloroso apoio" a novo mandato na ONU

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou hoje com António Guterres transmitindo-lhe "caloroso apoio" à sua candidatura a um novo mandato de cinco anos como secretário-geral das Nações Unidas.

Esta informação foi divulgada através de uma nota no portal da Presidência da República na Internet, depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter formalizado o apoio de Portugal à recandidatura de António Guterres.

"O Presidente da República saúda, com grande júbilo, a recandidatura do engenheiro António Guterres, com quem já hoje falou transmitindo o seu caloroso apoio, a um novo mandato como secretário-geral das Nações Unidas", lê-se na nota.

Marcelo Rebelo de Sousa defende que António Guterres "é a pessoa certa para continuar a promover o imprescindível papel e a reforma daquela organização".

Segundo o chefe de Estado, a recandidatura de António Guterres "é uma excelente notícia para as Nações Unidas, porque demonstrou ser um brilhante secretário-geral", e também "é uma excelente notícia para Portugal, porque é um português de enorme valor".

O Presidente da República afirma esperar que o antigo primeiro-ministro português possa "continuar a ocupar o lugar mais importante da mais importante organização internacional".

Marcelo Rebelo de Sousa elogia António Guterres pelo "seu conhecimento dos grandes problemas do mundo, assente numa vasta carreira internacional e numa experiência ímpar ao serviço das Nações Unidas, designadamente no seu atual mandato".

Esse percurso, defende, demonstra que "o engenheiro António Guterres é a pessoa certa para continuar a promover o imprescindível papel e a reforma daquela organização, com vista ao aprofundamento da promoção da paz no mundo e do diálogo entre povos e culturas, à luz dos princípios da tolerância universalista e do respeito pela dignidade da pessoa humana".

No primeiro ano do seu mandato como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa empenhou-se na candidatura de António Guterres ao cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), à qual apelou perante a Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2016.

O mandato de António Guterres como secretário-geral da ONU iniciou-se em 1 de janeiro de 2017, e, desde então, Marcelo Rebelo de Sousa declarou sucessivas vezes o apoio de Portugal à sua agenda de defesa do multilateralismo, do diálogo e do combate às alterações climáticas, em divergência com as posições do anterior presidente do Estados Unidos da América, Donald Trump, que iniciou funções na mesma altura, janeiro de 2017.

Em dezembro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa anteviu "um horizonte de regresso ao multilateralismo" e um "novo tempo" para a ONU liderada por António Guterres, depois de "tempo perdido nos anos recentes".

Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem numa cerimónia comemorativa do 75.º aniversário da ONU e dos 65 anos da adesão de Portugal a esta organização, no Salão Nobre da Assembleia da República.

Cerca de um mês antes, Donald Trump tinha sido derrotado nas eleições presidenciais norte-americano pelo candidato democrata, Joe Biden, que entretanto tomou posse como presidente dos Estados Unidos da América.

Ferro Rodrigues saúda recandidatura de Guterres a secretário-geral das Nações Unidas

O presidente da Assembleia da República saudou hoje a recandidatura de António Guterres ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas, considerando que ilustra o propósito universalista da ONU e que se trata de "uma honra para Portugal".

"É com o maior regozijo que saúdo a recandidatura de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas", refere Ferro Rodrigues numa nota enviada à agência Lusa.

Ferro Rodrigues salienta depois que, "pelos valores e princípios que sempre o marcaram, pela sua experiência e ação incessante, nos últimos quatro anos enquanto secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres ilustra bem o propósito nobre e universalista das Nações Unidas: Construtor de paz, trabalhador incansável em prol da dignidade e do valor da pessoa, defensor do Direito Internacional".

"Lembro a propósito a sua intervenção na conferência interparlamentar a que copresidi esta semana com o presidente do Parlamento Europeu, na qual voltou a reiterar a sua preocupação com a necessidade de todos, independentemente do lugar onde habitam ou da sua condição social e económica, terem acesso à vacinação contra a pandemia covid-19", aponta Ferro Rodrigues, que em 2002 sucedeu a António Guterres na liderança do PS.

Para o presidente da Assembleia da República, "é uma honra para Portugal ter António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas".

"E é também do maior alcance para a Organização poder continuar a contar com um homem de modernidade, cidadão do mundo, construtor de pontes, empenhado nas grandes questões da agenda internacional, nas imediatas e nas estruturantes do nosso futuro comum", acrescenta Ferro Rodrigues.

Catarina Martins elogia “voz preciosa” de Guterres na ONU em tempos difíceis

A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou hoje ser “uma boa notícia” a formalização da recandidatura de António Guterres como secretário-geral da ONU, elogiando a sua “voz preciosa em tempos muito difíceis”.

Nas declarações aos jornalistas no final da audiência, por videoconferência, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Catarina Martins foi questionada sobre a formalização, feita hoje pelo Governo português, da recandidatura de António Guterres para um segundo mandato de cinco anos como secretário-geral da ONU.

“É uma boa notícia. António Guterres tem sido, enquanto secretário-geral da ONU, uma voz preciosa em tempos muito difíceis”, enalteceu.

A este propósito, a líder do BE defendeu que António Guterres seja “ouvido tanto nas matérias em que se tem envolvido sobre as alterações climáticas” como também “nas questões da crise pandémica e questões tão importantes como a universalização das vacinas”.

[Notícia atualizada às 17:51]