No dia após a promulgação do diploma presidencial que estabelece a Direção-Geral da Saúde (DGS) enquanto responsável pelo tratamento dos dados e regula a intervenção dos médicos no sistema Stayaway covid’, estes foram os destaques da habitual conferência de imprensa da DGS.

Stayaway Covid:

  • Luís Goes Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, deixou um apelo não só aos portugueses, mas a "todos os residentes em Portugal", que descarreguem a app "stayaway covid" quando estiver disponível.
  • Recorde-se que a ‘Stayaway covid’ é uma aplicação voluntária que, através da proximidade física entre ‘smartphones’, permite rastrear de forma anónima as redes de contágio por covid-19, informando os utilizadores que estiveram, nos últimos 14 dias, no mesmo espaço de alguém infetado com o novo coronavírus.
  • “É fundamental que descarreguem a aplicação, que a mantenham ligada, que a usem no seu dia-a-dia e que, caso venha a ser diagnosticada a covid-19 na sequência de um teste realizado para esse efeito, solicitem ao médico que forneça o código para inserir na aplicação", disse o responsável, sublinhando que "a inserção desse código é voluntária por parte de quem usa a aplicação".
  • A app irá então comunicar o diagnóstico a todos aqueles que tiveram contacto de proximidade, sendo este estipulado como sendo inferior a 2 metros durante mais de 15 minutos com a pessoa infetada.
  • No que toca ao intervalo temporal, Luís Goes Pinheiro especificou que a aplicação "informará aos contactos de alguém a quem foi diagnosticada a covid-19 nas 48 horas anteriores aos primeiros sintomas ou então, caso seja um doente assintomático, será nas 48 horas anteriores à realização do teste”, disse.
  • De momento, a aplicação apenas está disponível num projeto piloto com perto de 1000 pessoas para o sistema operativo Android, ficando o iOS — utilizado pelos telemóveis da Apple —, para já, de fora. "É fundamental que o piloto decorra também em telefones da Apple", disse o responsável da SPMS, pois só aí haverá condições para disponibilizar a app a todos os residentes. A gigante tecnológica, segundo Luís Goes Pinheiro, já deu o OK mas ainda não se sabe qual o horizonte temporal para começar a ser testada, estando a confirmação "por dias".
  •  O responsável pelos SPMS voltou a defender que a "stayaway covid" respeita a privacidade dos utilizadores e que a "informação sobre esses contactos apenas será guardada durante apenas 14 dias, uma vez que após esse período será eliminada para garantir o máximo secretismo”.
  • A proteção dos dados, diz, foi fruto do "trabalho de proximidade" do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência com a Comissão Nacional de Proteção de Dados para "garantir que esta app preserva ao máximo o segredo dos utilizadores que a usam".
  • O presidente dos SPMS frisou ainda que esta aplicação será "mais um instrumento posto ao serviço do combate à pandemia", não representando "grande revolução" nos esforços contra a covid, mas sim sendo "uma ajuda", apontando ainda para a popularidade de ferramentas semelhantes em países como a Alemanha — com 16 milhões de utilizadores — assim como a Irlanda — usada por 30% da população.

Julho foi o mês com mais testes desde o início da pandemia:

  • Antes do apelo à utilização futura da "stayaway covid", a secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, falou do passado próximo, salientando que "junho foi o mês com maior número de testes realizados desde o início da pandemia", com 431.178 testes.
  • Este número de testes significa uma média diária de 13.999 testes, a mais alta realizada até à data, garantiu a governante.

  • A secretária de Estado destacou também um “aumento de testes feitos pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, que “é hoje cerca de 50% do total”.

  • Jamila Madeira salientou ainda a “confiança no trabalho no terreno que é preciso continuar” e os “instrumentos de inovação” usados na “resposta portuguesa” à pandemia e elogiou o empenho dos profissionais de saúde, que “são todos os dias um fator de confiança para os portugueses no SNS. Com eles temos trabalhado para ultrapassar as dificuldades que nunca escondemos e sempre assumimos"

  • Os desafios que o SNS agora enfrenta, segundo a governante, são "recuperar a atividade excecional não realizada" e "garantir a retoma segura e abrangente" dos serviços de saúde.

Testes nas escolas:

  • O risco de contágio de covid-19 nas escolas e as medidas a tomar, nomeadamente em relação à realização de testes, será avaliado caso a caso pelas autoridades de saúde locais, disse o subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal. “As situações devem ser sempre avaliadas relativamente ao risco e ao tempo em que decorrem e essa avaliação do risco e as medidas a tomar, nomeadamente em relação à testagem, cabe às autoridades de saúde locais”, afirmou Rui Portugal

  • Contudo, acrescentou, “sabe-se que não é de todo absolutamente necessário e de uma forma sistematizada percorrer rastreios que sejam únicos e generalizados nas escolas”.

  • Segundo Rui Portugal, se a avaliação do risco de contágio for diferente, a política de testagem também será diferente. “Para mim e para as autoridades de saúde isso é muito claro”, afirmou o subdiretor da DGS, insistindo na necessidade de alunos, professores e funcionários e pais cumprirem as regras de higiene em relação à doença.

  • Questionado sobre a possibilidade de Portugal enfrentar um novo período de confinamento, à semelhança do que está a acontecer noutros países, Rui Portugal observou que este tipo de medidas “são sempre pensadas em relação ao risco” existente. “Devemos sempre pensar em termos não só nacionais como regionais ou locais. Parece-me que é muito provável que em termos de avaliação será este caminho a seguir”, sustentou.

 Avante!:

  • Face à informação de que a organização da Festa do Avante!, que se realiza de 3 a 5 de setembro no Seixal, não reduziu o número de bilhetes para o evento com a  capacidade para quase 100 mil pessoas, o subdiretor-Geral da Saúde, Rui Portugal, disse que "a DGS está a avaliar o documento que recebeu por parte da comissão organizadora da Festa do Avante! e, como em todos os documentos em relação a eventos que agrupem milhares de pessoas, há um conjunto de critérios que estão a ser avaliados".
  • "Certamente que haverá a possibilidade que haja uma primeira apreciação e que possa ser apresentada à comissão organizadora e ter um diálogo com essa mesma comissão para eventuais ajustes às propostas que foram remetidas nos documentos no sentido de perceber a forma de minimização de risco", disse o governante.
  • Rui Portugal lembrou também que "todos os eventos têm as suas particularidades em relação ao tempo que decorrem, ao tipo de pessoas que frequenta e às características epidemiológicas de um país ou local num determinado momento".

Público nos estádios de futebol

  • O regresso do público aos estádios de futebol foi outro dos temas abordados na conferência de imprensa, tendo o subdiretor-geral referido, mais uma vez, que a DGS avalia os eventos caso a caso e que “não há uma avaliação definitiva”. “A avaliação é constante e o conhecimento está a ser alimentado permanentemente”, frisou.